Li, re-li, li novamente, re-li novamente... e não resisti. Tive que escrever!
Na verdade desde a semana passada que não tenho escrito nada - embora venha acompanhando os relatos de Fernando sobre os trabalhos com a gente das bandas de cá.
Demorei a escrever porque optei por deixar a poeira baixar um pouco mais pós o nosso último encontro no sábado passado, onde fizemos uma espécie de avaliação. O fato é que gostaria de falar um pouco sobre essa primeira fase do trabalho com "Trabalhos", que foi bem cheio de trabalho diga-se de passagem! rsrsrs... que trocadilho!
Durante esses nove dias mergulhamos no texto, conhecendo suas peripécias, entendendo seu ritmo e suas rimas, construindo suas imagens e relações, aprendendo se vocabulário cheio de palavras que dão nó na língua. Uma coisa que é bom destacar: todos os dias antes de sentarmos na cadeira e nos deter sobre as palavras que os olhos acompanhavam enquanto as páginas eram passadas... sempre fazíamos algum tipo de exercício que ativava nosso contato enquanto coletivo reunido para desenvolver uma atividade (o vilão com e sem bastão, o jogo do andamento - acho que é isso, ai meu Deus, se eu errei tô frito!!! - aquele que é 1, 2, 3, 4, que tem uma série de variações...). O jogo entre nós era uma das janelas abertas antes de pegarmos no texto pra ler. O que ajudava a despertar o corpo e distanciar a mente do mundo lá fora que sempre vinha com a gente para a sala de ensaio, como se ali fossemos resolver algum problema de produção ou algum conflito de casa ou um estresse com um colega ou uma preocupação com uma conta pra pagar...
É importante também destacar os workshops individual, em dupla e em grupo. Nossa mãe! Como foi bacana fazer, desfazer e refazer tudo na hora, sem pensar muito, seguindo um caminho apontado pelo Fernando fosse pra ver até onde íamos, fosse pra ver o jogo melhor estabelecido, fosse pra puxar o tapete da gente que já vai armado com suas capas e artimanhas pra se sair bem na cena (os vícios do ator). Bom ver o outro se virando pra dar conta do recado, desconstruído, perdido, embaraçado, nú.
E aqui já aponto uma outra coisa apontada na avaliação: a dificuldade de se manter no estado de caubói (estado de prontidão assim batizado nesse período) durante a leitura. Foi hiper perceptível no workshop que fizemos em grupo, onde trabalhamos em cima da cena 3 do ato IV - que é a cena mais engenhosa da peça. Incrível como parecia que subíamos no cavalo toda vez que íamos falar o texto que nos cabia e depois descíamos pra relaxar, tendo que ter o trabalho dobrado na próxima fala quando tínhamos ainda que subir no cavalo pra falar ou reagir. O fato de ter o texto-objeto na mão na contracena, tendo que jogar com o(s) parceiro(s) de cena sem se perder no texto. Nossa! Isso a gente tem que descobrir como é que faz! AS leituras sempre começavam lá em cima, e depois ia desmoronando aos poucos até que no final estávamos todos só no texto, quase sem jogo. Essa é a grande tarefa pra março!
Ao final, muitas descobertas com o texto e entre a gente, Companhia! É bom quando alguém de fora vem trabalhar com a gente, muda de algum modo a nossa rota de comportamento na relação com o trabalho, com o outro, consigo. Muito bom! Agradeço ao Fernando pela paciência e pela grande sabedoria que trocou conosco na prática ao longo desses dias.
Que o mês de março não demore a chegar! Estamos anciosos por dar continuidade ao trabalho e por fazê-lo junto com os outros clowns!
Simbora minha gente!
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Cumprido!
Da última jornada, o relato acabou ficando atrasado... Mas segue agora!
Apesar de termos marcado um dia mais longo de trabalho, além das habituais três horas diárias, acabamos começando um tanto atrasados, por uma reunião minha com o Luiz, Vinicio e Junior, para acertarmos as questões de produção da continuidade do projeto, em fevereiro e março.
Começamos com alguns jogos de ritmo/dinâmica, e pegamos o texto para finalmente fecharmos a análise, já que parte da última cena - imensa! - ainda não havia sido finalizada. Lemos, e concluímos as divisões de movimentos. Isso, aliado ao nosso atraso inicial, já foi o suficiente para ocupar as duas primeiras horas de trabalho.
Assim, optei por deixar a leitura final do texto todo (que deve nos levar mais de três horas pra ser feita) para esta semana, sem mim. Não é o ideal, mas pudemos nos dedicar a fazer uma boa avaliação do trabalho. Analisamos a opção pela tradução da Aimara, e as vantagens e desvantagens em trabalhar com ela - apesar de todos concordarem que é uma versão mais interessante para ser levada à cena -, a forma como o trabalho foi levado - a importância de fazermos alguma dinâmica corporal antes de irmos pra leitura, por exemplo -, as dificuldades da leitura, o quanto avançamos neste período, etc. Além disso, "encomendei" um workshop em dois grupo, para serem apresentados no primeiro dia de trabalho de março, que também encomendarei para os meninos dos Clowns.
Com todos os percalços e dificuldades, conseguimos fechar bem essa primeira etapa de trabalho. Confesso que fiquei satisfeito com os resultados obtidos, acho que os principais objetivos por mim traçados - aproximar as duas partes e mergulhar no texto com propriedade - foram atingidos.
Agora, em fevereiro, enquanto eu trabalho em Natal com os Clowns, a Outra segue fazendo leituras e preparando o trabalho para março. E aí, teremos três semanas de intensas atividades! No domingo, dia 1º de março, chegamos a Salvador, já com uma caranguejada marcada na casa do Vinício, para integração entre todos, e para começarmos bem no dia seguinte os trabalhos!
Antes de fechar o relato dessa primeira etapa, é importante também relatar a felicidade em ter reencontrado velhos amigos/parceiros e ter feito novos, como Fabinho Vidal, João Lima, Guerra, Cecília, os meninos do Oco Teatro, Felícia, Flavinha, Hebe Alves, Marcos Barbosa, dentre outros. E registrar o carinho e atenção que fui tratado por todos os residentes e funcionários do Vila Velha, em especial o Espírito Santo e Cris, que fizeram desses dez dias em Salvador um período muito agradávele tranquilo.
Por fim, agradecer imensamente aos "Outros", pela disposição e dedicação em me receber e no trabalho. Fincamos mais uma estaca nas fundações desta relação entre os grupos que só vêm se solidificando. Víni, Luiz, Juninho, Buranga, Edy, Jefferson, Indaiá, Manu, Ritinha, Lorena e Thiago, muitíssimo obrigado, e trabalhemos! Coragem!!!!
Apesar de termos marcado um dia mais longo de trabalho, além das habituais três horas diárias, acabamos começando um tanto atrasados, por uma reunião minha com o Luiz, Vinicio e Junior, para acertarmos as questões de produção da continuidade do projeto, em fevereiro e março.
Começamos com alguns jogos de ritmo/dinâmica, e pegamos o texto para finalmente fecharmos a análise, já que parte da última cena - imensa! - ainda não havia sido finalizada. Lemos, e concluímos as divisões de movimentos. Isso, aliado ao nosso atraso inicial, já foi o suficiente para ocupar as duas primeiras horas de trabalho.
Assim, optei por deixar a leitura final do texto todo (que deve nos levar mais de três horas pra ser feita) para esta semana, sem mim. Não é o ideal, mas pudemos nos dedicar a fazer uma boa avaliação do trabalho. Analisamos a opção pela tradução da Aimara, e as vantagens e desvantagens em trabalhar com ela - apesar de todos concordarem que é uma versão mais interessante para ser levada à cena -, a forma como o trabalho foi levado - a importância de fazermos alguma dinâmica corporal antes de irmos pra leitura, por exemplo -, as dificuldades da leitura, o quanto avançamos neste período, etc. Além disso, "encomendei" um workshop em dois grupo, para serem apresentados no primeiro dia de trabalho de março, que também encomendarei para os meninos dos Clowns.
Com todos os percalços e dificuldades, conseguimos fechar bem essa primeira etapa de trabalho. Confesso que fiquei satisfeito com os resultados obtidos, acho que os principais objetivos por mim traçados - aproximar as duas partes e mergulhar no texto com propriedade - foram atingidos.
Agora, em fevereiro, enquanto eu trabalho em Natal com os Clowns, a Outra segue fazendo leituras e preparando o trabalho para março. E aí, teremos três semanas de intensas atividades! No domingo, dia 1º de março, chegamos a Salvador, já com uma caranguejada marcada na casa do Vinício, para integração entre todos, e para começarmos bem no dia seguinte os trabalhos!
Antes de fechar o relato dessa primeira etapa, é importante também relatar a felicidade em ter reencontrado velhos amigos/parceiros e ter feito novos, como Fabinho Vidal, João Lima, Guerra, Cecília, os meninos do Oco Teatro, Felícia, Flavinha, Hebe Alves, Marcos Barbosa, dentre outros. E registrar o carinho e atenção que fui tratado por todos os residentes e funcionários do Vila Velha, em especial o Espírito Santo e Cris, que fizeram desses dez dias em Salvador um período muito agradávele tranquilo.
Por fim, agradecer imensamente aos "Outros", pela disposição e dedicação em me receber e no trabalho. Fincamos mais uma estaca nas fundações desta relação entre os grupos que só vêm se solidificando. Víni, Luiz, Juninho, Buranga, Edy, Jefferson, Indaiá, Manu, Ritinha, Lorena e Thiago, muitíssimo obrigado, e trabalhemos! Coragem!!!!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Brincando de cena
No penúltimo dia de trabalho, os meninos começaram a trabalhar sem mim. Durante a primeira hora, prepararam os workshops da cena IV.3 que pedi para eles ontem. Dividi dois grupos, um com os meninos, outro com as meninas, ambos fazendo os nobres da peça (Rei Ferdinando, Biron/Berowne, Longaville e Dumaine). Coloquei o Jefferson como coringa, fazendo o Cabeção nas cenas dos dois grupos. Para cada grupo, propus um espaço diferente do Vila Velha. Para ambos, escadas.
Assim que cheguei, fomos às cenas. A cena é longa, tem alguns solilóquios bem compridos, em especial um do Biron, em que ele advoga pela inocência deles na quebra do juramento. Depois de um primeiro momento de performances individuais, seguido por fragmentos de cenas feitas em duplas, chegamos agora a um primeiro experimento de uma cena completa. E não de qualquer cena, mas da principal cena da peça, a mais espirituosa e inteligente.
Na avaliação que fizemos posteriormente, percebemos que, além das dificuldades em trabalhar com o texto em cena, dois vetores devem ser levados em consideração para conseguirmos fazer um bom trabalho neste processo: equilibrar ritmo com sentido do texto. Também conversamos bastante sobre as dificuldades em manter o jogo vivo enquanto não se está lendo. Diferente do que acontece em cena, a relação do ator que está lendo é primeiramente com o próprio texto (objeto), para em seguida estabelecer relação com outros atores. Levantamos a necessidade de se criar movimentos coletivos para reações ao que se está falando. Definitivamente, a lógica do jogo é diferente neste tipo de trabalho que estamos fazendo; Não podemos brigar contra as limitações que a leitura e o papel na mão apresentam, precisamos encontrar formas de usar a nosso favor, sem que sentemos todos em cadeiras no palco e façamos uma leitura dramática convencional e chata.
No geral, fiquei feliz com os exercícios. As leituras foram bem dinâmicas, com uma correção que mostram a evolução da relação dos atores com o texto. Ainda há muito a ganhar no sentido do texto, em especial nas filigranas que a leitura mais superficial esconde. Mas é notável o avanço que tivemos. Amanhã fecharemos esta primeira etapa. Vamos fazer o restinho da análise do texto, que não conseguimos fazer hoje, e fazer uma leitura corrida ao final. Lá, acredito que conseguiremos visualizar de forma mais palpável o quanto crescemos nestes nove dias, repetindo o trabalho do primeiro dia. E vontade de que março chegue logo!
Assim que cheguei, fomos às cenas. A cena é longa, tem alguns solilóquios bem compridos, em especial um do Biron, em que ele advoga pela inocência deles na quebra do juramento. Depois de um primeiro momento de performances individuais, seguido por fragmentos de cenas feitas em duplas, chegamos agora a um primeiro experimento de uma cena completa. E não de qualquer cena, mas da principal cena da peça, a mais espirituosa e inteligente.
Na avaliação que fizemos posteriormente, percebemos que, além das dificuldades em trabalhar com o texto em cena, dois vetores devem ser levados em consideração para conseguirmos fazer um bom trabalho neste processo: equilibrar ritmo com sentido do texto. Também conversamos bastante sobre as dificuldades em manter o jogo vivo enquanto não se está lendo. Diferente do que acontece em cena, a relação do ator que está lendo é primeiramente com o próprio texto (objeto), para em seguida estabelecer relação com outros atores. Levantamos a necessidade de se criar movimentos coletivos para reações ao que se está falando. Definitivamente, a lógica do jogo é diferente neste tipo de trabalho que estamos fazendo; Não podemos brigar contra as limitações que a leitura e o papel na mão apresentam, precisamos encontrar formas de usar a nosso favor, sem que sentemos todos em cadeiras no palco e façamos uma leitura dramática convencional e chata.
No geral, fiquei feliz com os exercícios. As leituras foram bem dinâmicas, com uma correção que mostram a evolução da relação dos atores com o texto. Ainda há muito a ganhar no sentido do texto, em especial nas filigranas que a leitura mais superficial esconde. Mas é notável o avanço que tivemos. Amanhã fecharemos esta primeira etapa. Vamos fazer o restinho da análise do texto, que não conseguimos fazer hoje, e fazer uma leitura corrida ao final. Lá, acredito que conseguiremos visualizar de forma mais palpável o quanto crescemos nestes nove dias, repetindo o trabalho do primeiro dia. E vontade de que março chegue logo!
Ainda
7ª jornada. Parecia ser mais um dia de dificuldades. Além das ausências da Manu e da Indaiá já anunciadas na véspera, a Ritinha ainda chegou bem doente, e não resistiu: voltou pra casa. Além disso, o Vini voltou a trabalhar conosco, mas ainda um tanto fragilizado pela gripe. E a barulheira da UNE lá fora continua... Paciência... Assim, cheios de desfalques e limitações, comecei o trabalho um tanto desanimado.
No entanto, começamos com um alongamento em duplas, e com o tradicional vilão, que deu uma boa ligada em todos. Fomos de imediato para a mesa, e a leitura foi surpreendentemente boa, conseguimos impor um bom ritmo, e os batismos dos movimentos de cena extremamente criativos!
Hoje faremos workshops coletivos em cima da cena IV.3, e em seguida fechamos a análise do texto para, amanhã, fazermos uma boa leitura final do texto, e avaliarmos essa primeira etapa do projeto, traçando perspectivas para a continuidade.
No entanto, começamos com um alongamento em duplas, e com o tradicional vilão, que deu uma boa ligada em todos. Fomos de imediato para a mesa, e a leitura foi surpreendentemente boa, conseguimos impor um bom ritmo, e os batismos dos movimentos de cena extremamente criativos!
Hoje faremos workshops coletivos em cima da cena IV.3, e em seguida fechamos a análise do texto para, amanhã, fazermos uma boa leitura final do texto, e avaliarmos essa primeira etapa do projeto, traçando perspectivas para a continuidade.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Dia 7... tá acabando
Calma! Esta primeira etapa está, de fato, infelizmente, acabando!
É interessante pensar como nestes sete dias de trabalho abriram um horizonte, descortinaram o textos e aos atores (estou falando por mim). Abriu novas possibilidades, mostrou novos caminhos, proporcionou muitos gaguejos, risadas, diversão, mas também, novas formas de analisar o texto, de compreender o universo shakespeariano, a sua estrutura, graças ao conhecimento trazido por Fernando.
Hoje continuamos o trabalho de divisão das cenas em movimentos e de dar nomes para os movimentos (isso garante umas boas risadas). Amanhã exercitaremos a cena 3 do 4° Ato, talvez a cena mais engenhosa da peça. Vai ser sucesso!
É interessante pensar como nestes sete dias de trabalho abriram um horizonte, descortinaram o textos e aos atores (estou falando por mim). Abriu novas possibilidades, mostrou novos caminhos, proporcionou muitos gaguejos, risadas, diversão, mas também, novas formas de analisar o texto, de compreender o universo shakespeariano, a sua estrutura, graças ao conhecimento trazido por Fernando.
Hoje continuamos o trabalho de divisão das cenas em movimentos e de dar nomes para os movimentos (isso garante umas boas risadas). Amanhã exercitaremos a cena 3 do 4° Ato, talvez a cena mais engenhosa da peça. Vai ser sucesso!
Rotinas e acidentes
O trabalho segue, e o tempo corre. Anteontem, quarta, diante de algumas queixas de dores nas costas, começamos com um alongamento trazido do aikido, em duplas. Em seguida, fomos para o vilão, aprofundando para o uso de bastão. A atenção redobrada pelo risco que o objeto oferece, e a ligeira sofisticação das regras, fazem do jogo mais vivo, apesar do tempo de transição até que se consiga jogar com fluidez.
Depois, as duplas se reuniram para finalizar o workshop que pedi na véspera, que cada um preparou individualmente em casa. Começamos pela apresentação do workshop anterior, o individual, da Indaiá, que não havia feito ainda. Em seguida, fomos para as duplas. Semelhante ao que fizemos nos workshops individuais, pude observar os atores trabalhando em relação, explorando as possibilidades que os diálogos oferecem: dinâmicas diferentes, disposição espacial, em movimento ou não, e algumas indicações de personagens. A rima da tradução da Aimara é uma faca de dois gumes: se o ator consegue entender o brilho que a rima pode oferecer ao texto, o jogo da cena realmente ganha força. No entanto, se optar por entrar em rota de colisão com a métrica e a melodia da rima, sua missão fica ainda mais difícil. No geral, neste exercício, o que pude perceber foi mais um tijolinho na parede, com o grupo ganhando mais apropriação do sentido do texto e começando a conseguir brincar com a peça. Por fim, adiantamos a análise de mesa.
Já ontem, o dia foi bem mais difícil. Tivemos que enfrentar alguns problemas: a ausência do Vinício, cujo corpo não aguentou e sucumbiu, a barulheira da bienal da UNE que acontece no Passeio Público, em frente ao Vila Velha, alguns atrasos, além de um cansaço físico mais ou menos generalizado. Além disso, reforçado pela notícia que a Manu e a Indaiá se ausentarão hoje, propus uma mudança de rota: deixarmos o trabalho em cima da cena 3 do Ato IV, que é o momento mais brilhante da peça, para sexta-feira, com todos presentes, e pularmos para as cenas que vêm depois dela, o Ato V.
Feito isso, partimos para uma massagem em trios, para tentar dar uma acordada no corpo e amenizar as dores e cansaços. Então, fomos para a leitura, das últimas cenas do texto. Depois de um começo difícil - incrível como o cansaço e as interferências externas têm influência direta na qualidade da leitura! -, conseguimos engrenar, ler até o final e adiantar a análise. Ainda deu tempo de propor uma brincadeira ao Luiz, que leu o Armado com um leve sotaque espanhol; apesar de ser pego no susto, apontou uns caminhos interessantes.
Entre mortos e feridos, sobrevivemos. Hoje, apesar das duas ausências, acho que conseguimos retomar o pique. De bom disso tudo, perceber como já conseguimos criar uma cumplicidade de trabalho, de grupo. Boa essa sensação de rotina, com gente com quem, apesar de conhecer há muito tempo, trabalho a tão pouco. Mais três dias pela frente, já de olho em março!
Jefferson, Manu e Vini tentando descobrir se era cervo ou veadinho...
Depois, as duplas se reuniram para finalizar o workshop que pedi na véspera, que cada um preparou individualmente em casa. Começamos pela apresentação do workshop anterior, o individual, da Indaiá, que não havia feito ainda. Em seguida, fomos para as duplas. Semelhante ao que fizemos nos workshops individuais, pude observar os atores trabalhando em relação, explorando as possibilidades que os diálogos oferecem: dinâmicas diferentes, disposição espacial, em movimento ou não, e algumas indicações de personagens. A rima da tradução da Aimara é uma faca de dois gumes: se o ator consegue entender o brilho que a rima pode oferecer ao texto, o jogo da cena realmente ganha força. No entanto, se optar por entrar em rota de colisão com a métrica e a melodia da rima, sua missão fica ainda mais difícil. No geral, neste exercício, o que pude perceber foi mais um tijolinho na parede, com o grupo ganhando mais apropriação do sentido do texto e começando a conseguir brincar com a peça. Por fim, adiantamos a análise de mesa.
Já ontem, o dia foi bem mais difícil. Tivemos que enfrentar alguns problemas: a ausência do Vinício, cujo corpo não aguentou e sucumbiu, a barulheira da bienal da UNE que acontece no Passeio Público, em frente ao Vila Velha, alguns atrasos, além de um cansaço físico mais ou menos generalizado. Além disso, reforçado pela notícia que a Manu e a Indaiá se ausentarão hoje, propus uma mudança de rota: deixarmos o trabalho em cima da cena 3 do Ato IV, que é o momento mais brilhante da peça, para sexta-feira, com todos presentes, e pularmos para as cenas que vêm depois dela, o Ato V.
Feito isso, partimos para uma massagem em trios, para tentar dar uma acordada no corpo e amenizar as dores e cansaços. Então, fomos para a leitura, das últimas cenas do texto. Depois de um começo difícil - incrível como o cansaço e as interferências externas têm influência direta na qualidade da leitura! -, conseguimos engrenar, ler até o final e adiantar a análise. Ainda deu tempo de propor uma brincadeira ao Luiz, que leu o Armado com um leve sotaque espanhol; apesar de ser pego no susto, apontou uns caminhos interessantes.
Entre mortos e feridos, sobrevivemos. Hoje, apesar das duas ausências, acho que conseguimos retomar o pique. De bom disso tudo, perceber como já conseguimos criar uma cumplicidade de trabalho, de grupo. Boa essa sensação de rotina, com gente com quem, apesar de conhecer há muito tempo, trabalho a tão pouco. Mais três dias pela frente, já de olho em março!
Jefferson, Manu e Vini tentando descobrir se era cervo ou veadinho...
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
rápido!
No mês de fevereiro, acontecerá uma oficina de teatro ministrada pel'A Outra Companhia de Teatro, tendo o Fernando Yamamoto como grande parceiro na organização desta atividade que integra o projeto de residência artística dele no PC do Teatro Vila Velha.
Então, a oficina será de 04 a 13 de fevereiro, das 14 as 16h, no Teatro Vila Velha/Passeio Público, as segundas, quartas e sextas. E as inscrições já estão abertas.
Quem quiser saber um pouco mais sobre o modo de trabalho d'A Outra Companhia e conhecer o que Fernando tem trazido para gente, é bom correr, pois são apenas 30 vagas e metade delas já está ocupada.
Simbora...!!!
Então, a oficina será de 04 a 13 de fevereiro, das 14 as 16h, no Teatro Vila Velha/Passeio Público, as segundas, quartas e sextas. E as inscrições já estão abertas.
Quem quiser saber um pouco mais sobre o modo de trabalho d'A Outra Companhia e conhecer o que Fernando tem trazido para gente, é bom correr, pois são apenas 30 vagas e metade delas já está ocupada.
Simbora...!!!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Em cena
Pela primeira vez, tive a oportunidade de assistir A Outra em cena. O grupo fez um ensaio/apresentação de sua montagem de Arlequim, servidor de dois amos, de Goldoni. Em princípio, a apresentação seria no Campo Grande. No entanto, como o palco principal do Vila Velha estava disponível, fizeram lá mesmo. Foi muito bom ver os meninos atuando, num jogo muito divertido, tipos bem construídos, com especial desenvoltura da dupla Juninho e Manu. Ver o grupo trabalhando sob uma chave da comédia popular foi bem importante para visualizar possibilidades para a nossa leitura, uma vez que o resto do elenco, dos atores dos Clowns, já conheço muito bem.
Além de mim, alguns outros convidados do grupo também assistiram o ensaio, entre eles o Rodrigo Bico, integrante do grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias, grandes parceiros nossos de Natal, que está por aqui para a Bienal da UNE.
Em seguida, tivemos ainda uns quarenta minutos de trabalho, nos quais conseguimos adiantar um pouco do trabalho de leitura e análise do Trabalhos, e breves comentários sobre o Arlequim. Também encomendei outro workshop pros atores, desta vez em duplas, para o trabalho de amanhã.
Foi um dia de trabalho de poucas atividades, mas muito importante para o desenrolar do projeto, e de um grande passo na aproximação entre os grupos, já que quase todo o elenco pôde assistir os dois espetáculos que trouxemos para o FILTE no ano passado.
E o tempo começa a correr!!!
Além de mim, alguns outros convidados do grupo também assistiram o ensaio, entre eles o Rodrigo Bico, integrante do grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias, grandes parceiros nossos de Natal, que está por aqui para a Bienal da UNE.
Em seguida, tivemos ainda uns quarenta minutos de trabalho, nos quais conseguimos adiantar um pouco do trabalho de leitura e análise do Trabalhos, e breves comentários sobre o Arlequim. Também encomendei outro workshop pros atores, desta vez em duplas, para o trabalho de amanhã.
Foi um dia de trabalho de poucas atividades, mas muito importante para o desenrolar do projeto, e de um grande passo na aproximação entre os grupos, já que quase todo o elenco pôde assistir os dois espetáculos que trouxemos para o FILTE no ano passado.
E o tempo começa a correr!!!
domingo, 18 de janeiro de 2009
Esquentando!
Mandando ver em plenas tardes de sábado e domingo de verão, chegamos ao final do primeiro terço dessa etapa de trabalho: três dos nove dias de investigação se foram.
Depois de todas as dificuldades e sustos que a peça nos apresentou no primeiro dia, começamos a entender e mergulhar no universo de Trabalhos de Amor Perdidos. Ontem, além de propor uma dinâmica corporal para não ficarmos escravizados exclusivamente à "bunda na cadeira" - o nosso já tradicional vilão, jogo que tanto fazemos nos Clowns e que tem propiciado uma boa prontidão para o jogo para nós -, também começamos a aprofundar a análise do texto, dividindo em movimentos, experimentando algumas primeiras imagens, dissecando as falas mais significativas, enfim, como o Luiz relatou no último post, vamos perdendo o medo e ganhando proximidade ao texto.
Hoje tivemos um começo mais suave, devido ao banzo tradicional de domingão à tarde, mas muito rapidamente a coisa engrenou. E tivemos a chegada da querida Indaiá, que não pôde estar conosco nos primeiros dois dias. Depois de um jogo que o Ernani nos apresentou, com uma sequência de passos, palmas e contagem, fizemos uma rápida sessão de vilão, só para não perder o costume. O jogo já começa a acontecer de forma mais interessante, e amanhã começaremos a trabalhar variações.
Em seguida, os atores apresentaram os workshops que "encomendei" ontem, cada um com uma fala de alguma cena dos primeiros dois atos, definida por mim. O desafio proposto foi que, uma vez que já tínhamos ultrapassado a etapa de reconhecimento do texto, e que a leitura, mesmo que ainda um tanto seca, já começava a ganhar fluência, que nesse exercício nos propuséssemos a, nesses fragmentos, avançar no aprofundamento da compreensão, e começar a saborear as palavras - como diria o João Marcelino, como se fosse uma fruta da sua predileção. O resultado foi muito bom. Os trabalhos trazidos pelos meninos foi muito interessante, e a partir do que eles ofereceram, pude aprofundar algumas questões, e até mesmo propor algumas brincadeiras e experiências, já visando a leitura, e principalmente quebrando a redoma de "adoração museológica" que tanto mal faz ao pobre bardo...
Além de todos esses avanços, não restam dúvidas que a conquista gradual da intimidade entre nós é outro grande ganho. Começamos a conhecer como o outro trabalha, construir uma gramática e uma dinâmica comuns. Ando muito ansioso em ver março chegar logo, para ter meus queridos companheiros de grupo misturados com os "Outros". Dirigir esse elenco misto, cheio de possibilidades, de características diferentes, será uma experiência muito rica. Por conhecer tão bem como os atores dos Clowns trabalham, já consigo vislumbrar facilidades e dificuldades, jogos interessantes que poderão surgir nesse encontro.
E nesta segunda teremos um ensaio/apresentação d'O Arlequim, a meu pedido, para que eu possa ver os atores em cena, coisa que nunca vi. Será em pleno Campo Grande, uma experiência interessante, sem dúvida...
E a conexão segue conectando... Como diria nosso queridíssimo Eduardo e sua trupe, é preciso ter coragem!
Depois de todas as dificuldades e sustos que a peça nos apresentou no primeiro dia, começamos a entender e mergulhar no universo de Trabalhos de Amor Perdidos. Ontem, além de propor uma dinâmica corporal para não ficarmos escravizados exclusivamente à "bunda na cadeira" - o nosso já tradicional vilão, jogo que tanto fazemos nos Clowns e que tem propiciado uma boa prontidão para o jogo para nós -, também começamos a aprofundar a análise do texto, dividindo em movimentos, experimentando algumas primeiras imagens, dissecando as falas mais significativas, enfim, como o Luiz relatou no último post, vamos perdendo o medo e ganhando proximidade ao texto.
Hoje tivemos um começo mais suave, devido ao banzo tradicional de domingão à tarde, mas muito rapidamente a coisa engrenou. E tivemos a chegada da querida Indaiá, que não pôde estar conosco nos primeiros dois dias. Depois de um jogo que o Ernani nos apresentou, com uma sequência de passos, palmas e contagem, fizemos uma rápida sessão de vilão, só para não perder o costume. O jogo já começa a acontecer de forma mais interessante, e amanhã começaremos a trabalhar variações.
Em seguida, os atores apresentaram os workshops que "encomendei" ontem, cada um com uma fala de alguma cena dos primeiros dois atos, definida por mim. O desafio proposto foi que, uma vez que já tínhamos ultrapassado a etapa de reconhecimento do texto, e que a leitura, mesmo que ainda um tanto seca, já começava a ganhar fluência, que nesse exercício nos propuséssemos a, nesses fragmentos, avançar no aprofundamento da compreensão, e começar a saborear as palavras - como diria o João Marcelino, como se fosse uma fruta da sua predileção. O resultado foi muito bom. Os trabalhos trazidos pelos meninos foi muito interessante, e a partir do que eles ofereceram, pude aprofundar algumas questões, e até mesmo propor algumas brincadeiras e experiências, já visando a leitura, e principalmente quebrando a redoma de "adoração museológica" que tanto mal faz ao pobre bardo...
Além de todos esses avanços, não restam dúvidas que a conquista gradual da intimidade entre nós é outro grande ganho. Começamos a conhecer como o outro trabalha, construir uma gramática e uma dinâmica comuns. Ando muito ansioso em ver março chegar logo, para ter meus queridos companheiros de grupo misturados com os "Outros". Dirigir esse elenco misto, cheio de possibilidades, de características diferentes, será uma experiência muito rica. Por conhecer tão bem como os atores dos Clowns trabalham, já consigo vislumbrar facilidades e dificuldades, jogos interessantes que poderão surgir nesse encontro.
E nesta segunda teremos um ensaio/apresentação d'O Arlequim, a meu pedido, para que eu possa ver os atores em cena, coisa que nunca vi. Será em pleno Campo Grande, uma experiência interessante, sem dúvida...
E a conexão segue conectando... Como diria nosso queridíssimo Eduardo e sua trupe, é preciso ter coragem!
Há três dias iniciamos os trabalhos com o "Trabalhos de Amor Perdidos". Nesse período, muitas descobertas, dificuldades e afinidades com a peça.
Começamos lendo uma tradução de Beatriz Viégas-Faria, uma versão em prosa do texto originalmente em verso. Com palavras bem difíceis que dão nó na língua durante a leitura e vários nós da cabeça quando nos concentramos em entender tudo o que é dito nos diálogos ou nos solilóquios.
Em seguida pegamos a tradução da Aimara da Cunha Resende, que fazendo jus a obra original, traz toda a peça em versos, o que no primeiro contato dá uma "ziguezeira retada". É uma musiquinha chata que martela o juízo na leitura, e que confundi tudo por conta da métrica... nossa, muito chata a primeira impressão! No entanto, seguindo na leitura, aos poucos as imagens pareciam que ficavam mais claras com o texto versado - que contradição tola!
E hoje após o terceiro encontro, percebo que a versão da Aimara é bem clara ao traduzir algumas imagens, ela encurta replicas que a Beatriz, embora traga uma tradução mais literal, distancia o leitor do sentido real na fala.
Tem sido um trabalho cheio de descobertas. É incrível como a repetição não só esclarece como revela uma série de possibilidades pra a interpretação da personagem. É perceptível o avanço que demos no tratamento com o texto. Antes gaguejavamos a primeiro palavra estranha, agora seguimos em frente não mais tendo medo de errar... aprendemos a assumir o erro, a palavra em outra língua, o termo pouco ouvido, o tratamento rebuscado das relações.
Que venha mais! Depois de fazermos uma primeira leitura coletivamente, agora estamos decupando o texto em sub-cenas, dando títulos a cada uma delas e construindo fotografias de cada parte - assim aprofundamos nosso estudo nos movimentos propostos inicialmente pelo texto, entendo o desenvolvimento da ação da peça.
Amanhã tem mais! Vamo simbora!!! E amanhã ainda tem apresentação de Arlequim na rua! Que outras janelas se abram a partir dessa apresentação, de modo a revelar outros sentidos e jogos para a leitura encenada que acontecerá lá em março!
Começamos lendo uma tradução de Beatriz Viégas-Faria, uma versão em prosa do texto originalmente em verso. Com palavras bem difíceis que dão nó na língua durante a leitura e vários nós da cabeça quando nos concentramos em entender tudo o que é dito nos diálogos ou nos solilóquios.
Em seguida pegamos a tradução da Aimara da Cunha Resende, que fazendo jus a obra original, traz toda a peça em versos, o que no primeiro contato dá uma "ziguezeira retada". É uma musiquinha chata que martela o juízo na leitura, e que confundi tudo por conta da métrica... nossa, muito chata a primeira impressão! No entanto, seguindo na leitura, aos poucos as imagens pareciam que ficavam mais claras com o texto versado - que contradição tola!
E hoje após o terceiro encontro, percebo que a versão da Aimara é bem clara ao traduzir algumas imagens, ela encurta replicas que a Beatriz, embora traga uma tradução mais literal, distancia o leitor do sentido real na fala.
Tem sido um trabalho cheio de descobertas. É incrível como a repetição não só esclarece como revela uma série de possibilidades pra a interpretação da personagem. É perceptível o avanço que demos no tratamento com o texto. Antes gaguejavamos a primeiro palavra estranha, agora seguimos em frente não mais tendo medo de errar... aprendemos a assumir o erro, a palavra em outra língua, o termo pouco ouvido, o tratamento rebuscado das relações.
Que venha mais! Depois de fazermos uma primeira leitura coletivamente, agora estamos decupando o texto em sub-cenas, dando títulos a cada uma delas e construindo fotografias de cada parte - assim aprofundamos nosso estudo nos movimentos propostos inicialmente pelo texto, entendo o desenvolvimento da ação da peça.
Amanhã tem mais! Vamo simbora!!! E amanhã ainda tem apresentação de Arlequim na rua! Que outras janelas se abram a partir dessa apresentação, de modo a revelar outros sentidos e jogos para a leitura encenada que acontecerá lá em março!
sábado, 17 de janeiro de 2009
primeiro encontro
Ontem, sentados a um conjunto de mesas unidas pra se fazer uma grande mesa onde todos pudéssemos ficar juntos, iniciamos os trabalhos com o "Trabalhos de Amor Perdidos" do Shakespeare... um pouco ainda perdidos... ainda nos encontrando pra melhor dizer!
Ainda pela tarde, nos reunimos: Eu, Yamamoto e Vinicio pra discutirmos um pouco mais sobre o projeto. As ações, as propostas, os rumos destes encontros pra trabalhar a leitura que em breve ganhará além de voz, corpo, tônus e muito jogo!
Teatro Vila Velha, Clowns, A Outra... Natal, Bahia, Nordeste... e no meio de tudo isso Shakespeare! Leitura, Análise, Adaptação, Discussão, Desconstrução... e por aí espero que caminhemos rumo ao encontro de um Shakespeare popular, universal e poético.
Simbora, que ontem o primeiro encontro aconteceu com muitas risadas, palavras estranhas e gagueijos...
Ainda pela tarde, nos reunimos: Eu, Yamamoto e Vinicio pra discutirmos um pouco mais sobre o projeto. As ações, as propostas, os rumos destes encontros pra trabalhar a leitura que em breve ganhará além de voz, corpo, tônus e muito jogo!
Teatro Vila Velha, Clowns, A Outra... Natal, Bahia, Nordeste... e no meio de tudo isso Shakespeare! Leitura, Análise, Adaptação, Discussão, Desconstrução... e por aí espero que caminhemos rumo ao encontro de um Shakespeare popular, universal e poético.
Simbora, que ontem o primeiro encontro aconteceu com muitas risadas, palavras estranhas e gagueijos...
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Reconhecimento de terreno
E hoje, começamos o trabalho. Tivemos uma primeira sessão de leitura do texto, reconhecendo o terreno, e discutindo minimamente as questões mais estruturais da dramaturgia.
O texto, além de muito saboroso, é também cheio de armadilhas. Se o jogo não for muito vivo, e a leitura muito precisa, torna-se enfadonho, como em muitos momentos essa primeira leitura foi. No entanto, quando ganha vida, é fantástico! Acredito que nesse período que teremos para trabalhar, tanto agora, em janeiro, continuando com os trabalhos nas duas cidades em fevereiro e, por fim, a imersão de março, conseguiremos conquistar esse jogo.
Com todas as dificuldades e cansaço de final de semana pros meninos, foi muito bom esse primeiro contato. Reencontrar os amigos da Outra, e ter a oportunidade de, finalmente, realizar um projeto juntos, estarmos compartilhando a sala de trabalho juntos, investigando o texto, discutindo questões teatrais, realmente intercambiando.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Merda!
Após muitos contatos, ajustes, acertos e arranjos, finalmente aporto em Salvador para dar início ao projeto Conexão Shakespeare-Nordeste, um projeto de residência com artistas do Ponto de Cultura Teatro Vila Velha, viabilizado pelo Prêmio Interações Estéticas da Funarte.
Apesar do edital da Funarte ser destinado a inscrições de pessoas físicas, nosso projeto foi elaborado a várias mãos, tanto por mim, quanto pelo restante dos Clowns de Shakespeare - para quem não conhece, grupo do qual faço parte e sou um dos fundadores, sediado em Natal e existente há 15 anos - quanto pelos artistas do Vila, em especial os integrantes d'A Outra Cia. de Teatro, grupo que terá uma participação mais efetiva neste projeto.
Nossa história com A Outra surgiu em agosto de 2007, quando fomos convidados para participar do projeto Troca-troca no Nordeste com A Outra Companhia de Teatro, um projeto viabilizado pelo Programa BNB de Cultura, que trouxe a Salvador representantes de grupos de teatro e dança de todos os estados do Nordeste para uma semana de várias atividades. Eu vim como representante dos Clowns, participando de mesa-redonda, ministrando oficina para iniciantes, participando de uma oficina de leitura de Shakespeare ministrada por Harildo Deda (grande figura), o que aproximou as nossas experiências e apontou para um desejo de futuras realizações conjuntas. Em tempo, essa semana em Salvador também contou com a participação de Fernando Arthur, da Cia. Penedense de Teatro (AL).
No ano seguinte, 2008, voltamos a Salvador para o FILTE - Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, um evento absolutamente fantástico, realizado pelo Oco Teatro, um grupo muito querido de Lauro de Freitas (cidade da Grande Salvador), que foi um dos melhores momentos do ano para nós. Nesta semana por aqui, aproximamos a relação ainda mais com A Outra, e pensamos que a ocasião do Prêmio Interações Estéticas era o momento para efetivar essa troca mais intensiva, como sempre quisemos. Levantamos o esboço do projeto por e-mails e, quando voltamos à Bahia, cerca de um mês depois, para participar do I Fenatifs - Festival Infantil de Teatro de Feira de Santana, promovido pelo Cuca Teatro, passamos rapidamente por Salvador para fechar o projeto e, a partir de então, torcer! E não é que fomos contemplados!?
Agora, chego por aqui, esperando as comemorações da lavagem da Escadaria do Bonfim passarem - e Salvador voltar a funcionar (rsrs) - para darmos início ao trabalho, nesta sexta-feira!
O projeto terá oficinas, intercâmbios, um seminário sobre Shakespeare/Nordeste e, como carro-chefe, o desenvolvimento de uma leitura dramática em conjunto entre os dois grupos (Clowns e Outra), de Trabalhos de Amor Perdidos, comédia do velho bardo. As atividades vão até março, quando fazemos esse seminário, que será encerrado com a apresentação da leitura.
Enfim, é muito trabalho, e muita empolgação para começar logo! Desejo que o projeto proporcione trocas muito ricas, e que, aos poucos, todos possam movimentar diariamente este espaço - demais integrantes dos grupos, artistas do Vila, alunos das oficinas, etc. -, para fazer desta ferramenta um importante registro desta troca entre os grupos, artistas e demais interessados em teatro de Salvador.
Para abrir nossos trabalhos com muita inspiração, deixo a fantástica vista da janela do meu apartamento de hotel. Merda pra nós!
Links úteis:
- Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare
- Teatro Vila Velha
- Blog do Teatro Vila Velha
- Prêmio Interações Estéticas
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