quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Rotinas e acidentes

O trabalho segue, e o tempo corre. Anteontem, quarta, diante de algumas queixas de dores nas costas, começamos com um alongamento trazido do aikido, em duplas. Em seguida, fomos para o vilão, aprofundando para o uso de bastão. A atenção redobrada pelo risco que o objeto oferece, e a ligeira sofisticação das regras, fazem do jogo mais vivo, apesar do tempo de transição até que se consiga jogar com fluidez.

Depois, as duplas se reuniram para finalizar o workshop que pedi na véspera, que cada um preparou individualmente em casa. Começamos pela apresentação do workshop anterior, o individual, da Indaiá, que não havia feito ainda. Em seguida, fomos para as duplas. Semelhante ao que fizemos nos workshops individuais, pude observar os atores trabalhando em relação, explorando as possibilidades que os diálogos oferecem: dinâmicas diferentes, disposição espacial, em movimento ou não, e algumas indicações de personagens. A rima da tradução da Aimara é uma faca de dois gumes: se o ator consegue entender o brilho que a rima pode oferecer ao texto, o jogo da cena realmente ganha
força. No entanto, se optar por entrar em rota de colisão com a métrica e a melodia da rima, sua missão fica ainda mais difícil. No geral, neste exercício, o que pude perceber foi mais um tijolinho na parede, com o grupo ganhando mais apropriação do sentido do texto e começando a conseguir brincar com a peça. Por fim, adiantamos a análise de mesa.

Já ontem, o dia foi bem mais difícil. Tivemos que enfrentar alguns problemas: a ausência do Vinício, cujo corpo não aguentou e sucumbiu, a barulheira da bienal da UNE que acontece no Passeio Público, em frente ao Vila Velha, alguns atrasos, além de um cansaço físico mais ou menos generalizado. Além disso, reforçado pela notícia que a Manu e a Indaiá se ausentarão hoje, propus uma mudança de rota: deixarmos o trabalho em cima da cena 3 do Ato IV, que é o momento mais brilhante da peça, para sexta-feira, com todos presentes, e pularmos para as cenas que vêm depois dela, o Ato V.

Feito isso, partimos para uma massagem em trios, para tentar dar uma acordada no corpo e amenizar as dores e cansaços. Então, fomos para a leitura, das últimas cenas do texto. Depois de um começo difícil - incrível como o cansaço e as interferências externas têm influência direta na qualidade da leitura! -, conseguimos engrenar, ler até o final e adiantar a análise. Ainda deu tempo de propor uma brincadeira ao Luiz, que leu o Armado com um leve sotaque espanhol; apesar de ser pego no susto, apontou uns caminhos interessantes.

Entre mortos e feridos, sobrevivemos. Hoje, apesar das duas ausências, acho que conseguimos retomar o pique. De bom disso tudo, perceber como já conseguimos criar uma cumplicidade de trabalho, de grupo. Boa essa sensação de rotina, com gente com quem, apesar de conhecer há muito tempo, trabalho a tão pouco. Mais três dias pela frente, já de olho em março!

Jefferson, Manu e Vini tentando descobrir se era cervo ou veadinho...

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