quinta-feira, 26 de março de 2009

Relatório do Dia 17/03

Começamos o ensaio mais ou menos na hora marcada, pouco depois de 18 horas. Tivemos o retorno de Buranga que, doente, não havia ensaiado segunda-feira.
Primeiro começamos, eu (Jr), Marco, Fernando, Rita e Manuela, a leitura do texto “arrumado”, a primeira versão do texto com cortes e falas como vai ser de verdade. Nessa leitura detectamos erros de digitação e fomos sinalizando para que fossem corrigidos. Como todos estavam na sala e ainda estávamos no início do texto, Fernando optou começar logo o ensaio. Então, ele arrumou a sala 2, dispôs as cadeiras no formato mais próximo possível do que utilizaremos no Cabaré e começamos o ensaio.
Partimos da primeira cena e fomos repassando as marcações que começamos a fazer na semana passada. Pensei que seria um caos total por que tínhamos feito as cenas apenas uma vez, mas na passagem percebi que aos poucos, à medida que íamos fazendo, as formas, os caminhos iam aflorando na memória. Essa passagem foi feita com as músicas de forma mais próximo possível do que vai ser.
Pouco antes das 20 horas, por volta do ato 3, paramos a passagem de cenas por que Rita precisava participar de um evento promovido pelo VilaVox – como nós, um dos grupos residentes do Teatro Vila Velha. Ela dirigiu uma leitura dramática que foi apresentada enquanto ensaiávamos. Também aguardávamos o término de outra atividade no cabaré para que pudéssemos ocupá-lo e ensaiar no local da leitura.
Enquanto isso, Marco aproveitou o tempo para repassar todas as músicas e pediu para que os atores sinalizassem nos textos as intervenções musicais, como quem toca o que e em que hora, além dos coros.Feito isso com metade do texto, até o ponto que paramos na sala, ele propôs duas músicas importantes: a vinheta da chegada do rei no acampamento da princesa (momento importante na peça, pois marca primeiro encontro dos casais) e uma música para o início da peça (antes do juramento). No caso da vinheta do encontro dos nobres, ele, com um toque no prato no final da execução, enfatizou com a vinheta o instante do primeiro olhar entre o rei e a princesa e entre os cavalheiros e as damas. Já na vinheta que antecede o juramento a novidade foi a melodia feita na flauta tocada por Manuela (detalhe, ela não sabia tocar flauta). Ambas as músicas são executadas por ela, por César, na sanfona, e Jéferson, na percussão.
Quando terminou esse trabalho estava na hora de ir para o Cabaré dos Novos.Lá, de fato tivemos o espaço como vai ser. Voltamos o trabalho de onde tínhamos parado na sala. Fernando apontou algumas marcações, deu uma situada no espaço e o ensaio voltou a andar, no entanto, diante do adiantado da hora, não conseguimos avançar muito. Ou seja, para dia 18, último dia antes da leitura, ainda resta muito trabalho pela frente.
Vamo que vamo!

terça-feira, 24 de março de 2009

Relatório do Dia 16/03

Bom em primeiro lugar, gostaria de estar me desculpando pelo meu atraso, pois devido a euforia do fim de semana tinha esquecido o horário do ensaio, enfim...O ensaio começou as 18 horas, eu chegue as 19 e ao chegar me deparei com uma situação inusitada pois nossa colega Manuela tinha esquecido “A bíblia” – brincadeira, “O texto”.Fernando me pediu para substituir Vinício pois ele estava fazendo a divulgação do seminário nas faculdades .Chegamos hoje aos momentos finais do texto. O Marco me encarregou de tocar pandeiro, na hora que “cabeção ” desmascara o “Armado” e logo depois minha entrada como “Marcade” - só tenho a dizer que ele vai marcar ... Houveram momentos no ensaio em que Marco parou para organizar as musicas, o andamento, a harmonia e etc.Mais ou menos entre 21 e 22 horas Vinício chegou da divulgação (só lembrando que hoje nós não tivemos Buranga devido a problemas de saúde. E Rita porque ela estava em outra leitura, aqui mesmo no Teatro Vila Velha. Após o término da leitura ela se juntou ao grupo .Bom voltando ao ensaio, Vini assumiu seu personagem “Boyet”. Só lembrando que nesse tempo Fernando marcou as cenas chegamos ao fim da leitura, cantamos a musica de encerramento .Em resumo foi um dia muito produtivo e a dois dias da apresentação da leitura só tenho a dizer que vai ser lindo e já está sendo muito enriquecedor pra mim e para a companhia .

Jeferson Dantas

sexta-feira, 20 de março de 2009

Relatório - Salvador - 14.03.09

Hoje, sábado, cheguei cedo como de costume, com muita vontade de ensaiar. Ainda estou com dificuldade quanto às marcações, me perdi no último. O pessoal d'A Outra Cia. de Teatro tinha feito um espetáculo numa escola no subúrbio. Eu não fiz esse trabalho. O teatro estava vazio. Comi alguns biscoitos porque eu não tenho tempo de almoçar quando temos atividade às 14h. Não começou no horário, isso é ruim, demanda horas extras. O pessoal dos Clowns de Shakespeare chegou do almoço e foi ao hotel para depois voltar. A Outra começou a chegar. Manuela muito chateada, Eddy também. Enfim, começamos a trabalhar no cabaré, dando início da página 124 do 4º ato. Repetimos várias vezes e seguimos com o Fernando fazendo as marcações. No 5º ato, descobrimos a pança cheia do almoço na cena, os arrotos, etc.

Repetimos a cena do Pagode Russo e remarcamos. Às 17 horas trocamos para a sala 02 e passamos até o ponto onde paramos. Tivemos a revelação de que Rita vai participar da outra leitura do VilaVox. Eu não sabia até ler no encarte do Vila. Até então pensei que era na direção. Nos reunimos depois do ensaio para conversar, e depois com Fernando.

E assim foi o dia.

Luiz Buranga

quinta-feira, 19 de março de 2009

Relatório da sexta-feira 13

Na noite de sexta-feira, 13, do mês de março, iniciamos nossas atividades na Sala II do Teatro Vila Velha. Devido à proximidade da realização da leitura – na próxima quinta-feira (19), e ao volume de cenas que precisamos levantar, hoje começamos indo direto para cena, sem fazermos um trabalho de aquecimento e alongamento do corpo e da voz – que normalmente estávamos fazendo (um tempo pra cada um despertar o corpo, se esticar um pouco, e logo em seguida um trabalho que o Marco faz de aquecimento vocal puxando notas com o violão ou com o piano e a gente o seguindo... ou passando para um jogo que o Fernando propunha..., enfim, pulamos esta etapa). A idéia era rascunhar o máximo de cenas possíveis, pra tentar fechar o esboço total até o sábado.

Iniciamos então pela transição da cena 1 do ato IV para a cena 2 do ato IV, onde o César, como Cabeção, cochila e Manuela (Holofernes), Buranga (Lerdo) e Junior (Nataniel – que apontou uma figura interessantíssima, num corpo torcido para a esquerda com olhos tortos, hiper afetado). Ah! É importante dizer que nesta noite não tivemos Vinicio no ensaio, porque ele foi visitar Faculdades a fim de divulgar o seminário “Qual é o Nosso Shakespeare?”.

Pois bem, enquanto Fernando trabalhava com o pessoal a cena 2 do ato IV, na sala, Marco trabalhava a cena 1 do ato III comigo, com Rita e Camille, numa das escadas do Vila. O foco era no andamento e entendimento do texto, na construção das imagens e do desenho melódico da fala, dinamizando a contracena. Rita e Camille dividindo uma mesma personagem (o Meio-Quilo), como se fossem irmãs siamesas, onde as duas quase que compartilham de uma mesma linha de pensamento – têm um desafio imenso de encontrar uma dinâmica de fala, com um ritmo bem definido, mas sem perder de vista as possibilidades de entonações e “coloridos vocais”. E eu, fazendo o Armado, numa forma bem marcada de “estrangeirismo”, buscando um modo de falar onde mesmo mudando a palavra foneticamente... por exemplo: colaboração, que eu (Armado) falaria colaboración... meu trabalho é estar atento para não perder os finais de fala, onde termino de falar indo pra um registro grave (já sinalizados pelo Marco anteriormente); e não abusar muito no “estrangeirar” das palavras, para que as pessoas possam entender o que o personagem fala, afinal de contas a troca de palavras é interessante para gente que tem o texto na mão e percebe o quão safo foi o ator que encontrou uma nova palavra, mas para o público que não conhece o texto e que está ali apenas pra ouvir, é muito difícil entender tudo se falo “estrangeirado” demais, se eu tento trocar todas as palavras...

E além disso, também uma preocupação quanto ao ritmo sempre no mesmo andamento, e aqui trago o trabalho que o Marco fez na quarta-feira (11/03), onde ele apontou para outras possibilidades de encontro da maneira de falar, criando oscilações e “coloridos vocais” que dinamizam a contracena e não cristaliza a fala num mesmo registro de intenção. Para mim, no Armado, isso é muito importante, tendo em vista, que no primeiro momento é ótimo ver o personagem, mas se continua assim o tempo inteiro, vai perdendo a graça, então a proposta é de encontrar outras maneiras de falar, procurando não cristalizar uma forma ao personagem que já é caricato por demais.

Depois de ter levantado a cena 2 do ato IV, fomos em frente rabiscando o desenho da cena 3 deste mesmo ato – que acreditamos ser a grande cena do texto. Não chegamos a finalizar a cena, mas avançamos bastante. Aproveitei para investir num outro caminho para o Longaville – outro personagem que faço na leitura. Até então, estava meio perdido, sem saber qual caminho seguir, e ao final o que estava fazendo era algo bem próximo ao Armado – segundo Marco no mesmo tom e no mesmo ritmo. O que fazer? Minha idéia inicial era deixá-lo o mais próximo do meu modo de falar cotidiano, mas o Armado estava tão interiorizado que o Longaville vinha quase como um irmão gêmeo dele... enfim, aproveitei pra investir em algo mais leve e solto, foi aí que me veio a imagem desse cara que é alegre e juvenil, que canta – meio que indo buscar a inspiração no filme que assistimos no sábado – uma versão musical hollywoodiana do “Trabalhos de Amor Perdidos”. Pois bem, acho que aqui começo a encontrar um caminho possível, mas que não sei ainda se é o que será apresentado na leitura dramática.

Amanhã teremos uma apresentação de Arlequim, lá na Base Naval, as 10h... e depois ensaio, as 14h... ai Deus, coragem! Vamo simbora que o tempo é curto e muito é o trabalho que se tem pra fazer!

RELATO DIA 12/03

Quinta-feira, décimo dia desde que começamos os trabalhos por aqui. Uma rotina quase que estabelecida e que torna cada dia mais familiar, apesar da saudade de casa que começa a dar sinal de vida. Uma Bahia longe das fitinhas do Senhor do Bonfim, dos batuques, da ladeira do Pelô e dos acarajés, mas mergulhada no suor, na ralação e no prazer da troca. “Já” sei sair de casa (é assim que chamamos o flat que estamos hospedados esses dias) a caminho do TCA para almoçar e depois chegar no Vila SOZINHO!!! Uau!! Eu sou mesmo muuuito orientado!! Quando começamos a reconhecer na rua o lixo do dia anterior e a reparar naquela pedra solta na calçada, é hora de admitir que estamos praticamente em casa. Começo a me sentir íntimo e até gostar do calor da sala 2, depois de quatro dias de oficina trabalhando nesse espaço.
Nosso dia começa ainda fora do espaço oficial de trabalho. Quando posso ouvir mesmo que distante, o bater ansioso e tímido das castanholas de Manu. Um pouco depois no Cabaré, enquanto me atualizava no mundo virtual depois de longos dias sem acessá-lo, as irmãs quase que siamesas, Rita e Kiwi, digo, Tililim (bom, vocês já sabem) enquanto lutavam contra um Croissant Gigante que mais parecia um braço delas (e que só custa R$ 2,00 !!), estudavam os textos de MEIO-QUILO, definindo quem diria o quê. Isso ainda fruto do trabalho iniciado comigo no dia anterior.
Ao entrar na sala encontro Juniovsky (Juninho) com o violão, Vini ao piano e Cesar na sanfona tocando juntos a parte da canção final de nosso espetáculo. Sinto que estamos caminhando e que teremos uma sonoridade bem diversificada. Cada um vem se chegando e, alongando individualmente vai tomando o espaço. O chão hoje parecia ser o lugar da preferência da maioria de nós. Meu corpo acusa o cansaço acumulado nesses dias de oficina à tarde e TRABALHOS à noite. Dias puxados. Sim. É preciso coragem.
Após reforçar os motivos da ausência de ontem (finalização do projeto da Petrobras), Fernando ainda ressacado e levemente machucado da perna, levanta questões sobre figurinos, cenografia e reorganização espacial, propondo que conversemos num outro momento e separadamente para trazermos algumas idéias para amanhã. O tempo começa a pedir atenção especial. Restam apenas mais seis encontros até o dia de nossa leitura.
O momento inicial de hoje, que normalmente é dedicado a uma atividade de aquecimento coletivo, resumiu-se a um breve jogo que aprendemos com o Márcio Marciano, onde saltamos em conjunto, enfileirados com um giro no último salto e mantendo constante a pulsação. É interessante observar que não demora para que o exercício consiga nos colocar dentro do jogo, trabalhando juntos. É o reflexo prático de que estamos em sintonia, timbrados. Eu e Fernando agregamos esse exercício no repertório dos jogos utilizados nas oficinas que damos. Eu o chamo carinhosamente de SALTOS MARCIANOS. Uma homenagem ao amigo Lapadiano.
Rapidamente fomos ao texto. Catamos algumas cadeiras disponíveis para experimentarmos outra possibilidade de disposição na área cênica. Depois de nos situarmos nesse novo espaço, tirarmos algumas dúvidas (praticamente só eu as tive em relação a isso) retomamos a leitura do início do texto. Novas coisas surgiram, outras se perderam. Dá vontade de repetir, repetir, limpar, repetir...mas não podemos nos dar esse luxo. Não agora nessa etapa do processo. Não podemos perder o foco e o objetivo desse trabalho. O texto deverá ser o grande protagonista da noite. Não há tempo. Mas é necessário que seja assim. Principalmente no início, para que cheguemos na célula mãe que dará a cara da nossa leitura.
Algumas vinhetas musicais começam a ganhar forma à medida que o texto é lido. Uma dificuldade aparente: dar vida ao jogo de cena e manter a fluidez da leitura. É necessário equilibrar e dosar o olho no texto e no outro. A hora avança e mais uma vez Manu e seu Holofernes terão que esperar até amanhã. Enquanto isso, as castanholas usadas para os momentos do espanhol Armado exigem mais ralação. Pobre senhor Santiago (pai de Manu).
O cuco anuncia a chegada das dez horas. “Como esse canto irrita o ouvido dos DESEPERADOS”. Apesar do cansaço a vontade é de ficar um pouco mais. E um pouco mais ficamos alguns para finalmente fecharmos a cena 1 do Ato 4. Depois de algumas cabeçadas do cabeçudo Cesar e após muita risada, fechamos ao que parece, um terço da leitura.
Rumo à Batcaverna (como chamamos o depósito do Vila que nos coloca a dez passos de casa) seguimos em frente, esperando, quem sabe dormindo, mais um dia de labuta. E que venha a sexta-feira 13. Buuuuuuuuuuu!!!!


Marco França

terça-feira, 17 de março de 2009

Relatório do ensaio 11/03/2009

Bem, hoje começamos o ensaio às 19hs.

Tivemos a ausência do Fernando, da Renata e do Cesar, pq estavam terminando o projeto da Petrobrás. Esse comunicado foi passado pelo Marco.

Buranga chegou atrasado, ficou um pouco perdido, mas depois acabou se encontrando.

Inicialmente Marco pediu que cada um cantasse uma música. Rolou de atirei o pau no gato a Pais e filhos de Renato Russo... Fora uma paródia de sacanagem que o Jeferson fez, deixando Rita um pouco abalada, mas Marco adorou!!

O segundo foi exercício de aquecimento “limão”cada pessoa tinha um número, e falava a palavra limão, depois, falava o nº + limão de outra pessoa, por ex: dois limão; meio limão;quatro limão e trocava de lugar.

Depois com esse mesmo jogo, no final da palavra o nº + limão de outra pessoa, batíamos uma palma.

Continuando, no mesmo jogo, saiu à palavra limão, e a troca de lugar ficou por conta do olhar, só falando “Ei”.

Depois do jogo do limão, Marco pediu pra agente desfazer o círculo e andar pelo espaço, ocupando todos os espaços vazios, com atenção, prontidão, que ele tinha um objetivo de tocar nas costas de cada um. E sem perder um só momento do “OLHAR”

Outro exercício foi pra dividir em três grupos, aí fizemos três movimentos. O quadrado o triângulo e a reta, batendo palmas. Uma coisa bacana que aconteceu foi quando Marco tocou o piano o movimento fluiu mais e a energia foi aumentando,aí o corpo foi junto.

Depois de todo aquecimento ele mandou agente pegar o texto. Em círculo, porém em pé Marco pediu para Jr falar a parte dele do texto, a 1º fala do Rei na pagina cinco. Depois cada um foi repetindo essa mesma fala, tentando aproximar o máximo da forma de Jr.
O próximo foi Luiz com a fala de Armado da pagina 27.
Jeferson foi o terceiro seguindo a mesma linda dos dois com a fala de Marcade da pagina 218.

Teve um momento que Marco pediu para Vini lê a fala de Marcade “sinto muito, senhora. Mas lhe trago U´a nova que me pesa. O rei, seu pai-“
Depois ele mandou Jeferson novamente repetir.
Muito importante que Marco falou foi que através do clareamento da voz do outro, tende a perceber essa musicalidade.

Chegou a vez de Buranga e o processo foi o mesmo.
Rita e kiwi Tb com a fala de Meio-Quilo.
Dicas importantes foram citadas pelo Marco, aparte da fala de cada personagem trabalhada. (Rita, Kiwi, Vini, Luiz e Buranga)
Ex:

O quanto é importante contrapor esse equilíbrio, que é fundamental para o colorido de cada frase.

Que a valorização do colorido para cada coisa, valoriza outra coisa.

Quando o grupo está timbrado significa que estamos trabalhando em conjunto.

Ritmo e andamento vão sempre existir.

Nem sempre devemos obedecer a vírgula.

Por conta do horário não deu tempo ele trabalhar comigo (Eddy) Manuela, Jr e Jeferson.

Para finalizar ele trabalhou a última música do texto. (Primavera e Inverno).

Bem! Acho que é isso. Se esqueci de coisas, desculpa.

Eddy.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Cheirinho de estréia

Enquanto os relatórios diários andam um pouco atrasados - estão todos sendo feitos, diariamente, mas a postagem no blog anda emperrada no da Eddy, que não tá conseguindo publicá-lo - teço algumas considerações sobre como anda o trabalho...

O cheirinho de estréia, de "processo de verdade", tá cada vez mais forte, o forno tá esquentando - aliás, metáfora mais que adequada para o clima soteropolitano... - e o nosso trabalho tá quase ficando pronto! Mesmo sendo uma leitura, mesmo tendo um tempo de processo muito inferior ao que normalmente fazemos, o trabalho começa a surgir ou, como diria o mestre Márcio Aurélio, começamos a puxar o texto pelos cabelos pra fora das páginas e dar-lhe vida, três dimensões.

Hoje finalmente conseguimos levantar todas as cenas. Este final, que me assustava um pouco, por me parecer um tanto desinteressante, foi uma bela surpresa (ao menos para mim, não sei quanto aos demais...).

Paralelamente aos ensaios, a Ritinha e a Indaiá estão fazendo um belo trabalho no figurino e adereços; eu e o Marco hoje montamos a luz no Cabaré dos Novos, nosso espaço de apresentação; o Vini e a Manu mandando ver na divulgação da leitura e do seminário, nas faculdades de Salvador. Enfim, um misto de nervosismo, e ansiedade, de excitação e um pouco de tristeza por já estar chegando ao fim. Três semanas supersônicas!

O trabalho musical do Marco - pra variar - tá excelente também, complementando e dando um colorido muito especial para a cena. O que ele conseguiu fazer com o texto final do espetáculo é um milagre!

E la nave va...

sábado, 14 de março de 2009

Relatório do 8º dia (10/03/09)

Trabalhamos pela primeira vez no Cabaré dos Novos, local onde apresentaremos na semana que vem. Enquanto os meninos chegavam e iam se acomodando, fui experimentando algumas disposições das cadeiras pelo espaço, tirando as mesas com ajuda de alguns, visualizando o espaço de forma mais concreta do que fizemos ontem, já que estávamos no espaço definitivo.

Princesa Renata e Rei Juninho negociando as terras da Aquitânia...

Começamos o trabalho no minúsculo palco do Cabaré, nós doze, alongando. Para quem não conhece o espaço, é importante frisar que não apresentaremos no palco, mas sim no espaço inteiro do Cabaré, misturados com a platéia. Depois, partimos para um vilão com nome naquele espaço mínimo. O jogo ganhou outra dinâmica, muito mais ligada à agilidade da chamada dos nomes do que às corridas e deslocamentos em si. Como castigo, ao invés da tradicional "academia" dos últimos dias - flexões de braço e abdominais para quem era pego -, desta vez propus uma "prenda" mais sacana e divertida: quem fosse pego ou errasse, deveria escolher uma pessoa, e escolher se ela lhe daria um beijo no rosto ou um tapa na bunda. A pessoa escolhida poderia acatar ao pedido ou não. A expectativa se viria um tapa ou um beijo era sempre o momento de maior tensão no jogo, e o vilão, em si, ficou muito "nervoso" pela possibilidade da prenda. Dois destaques foram ligados à Camille; um era que ela era constantemente escolhida, já que é a menor e mais magrela, portanto o risco de um tapa mais forte supostamente seria menor, hipótese que não se confirmou e belos tapas foram desferidos; o outro foi que hoje era o aniversário dela, e na primeira vez que ela foi à berlinda acabou tomando tapas coletivos e beijos coletivos em homenagem à data. Divertido, e deu aquela ligada necessária para irmos à leitura. Antes, ainda, passamos a música final, desta vez como reforço do Juninho no violão, ao lado do Marco.

Passado isso, fomos à leitura. Expliquei os ajustes da configuração do espaço no Cabaré, e retomamos do ponto onde tínhamos parado ontem, na primeira cena do segundo ato. A cena é um tanto ardilosa, com várias situações que sugerem muito mais interesse nas ações do que no texto, e esses momentos são muito prejudicados na leitura, obviamente. Várias das conquistas que tivemos em relação a ritmo e andamento da leitura, e em alguns casos até mesmo no entendimento, foram um pouco perdidos. Por outro lado, a ação e o jogo começam a compensar um pouco essas perdas. Alguns movimentos coletivos foram legais, como alguns momentos das meninas aguardando por notícias do Boyet ou o jogo entre os quatro rapazes e as quatro moças.

Ainda tivemos tempo de começar a trabalhar a cena seguinte, do Dom Armado com o(a)s Meios-Quilos, as irmãs siamesas. O Marco trabalhou uma vinheta espanhola para o Armado, com violões, acordeom, palmas, gritos femininos (ai, ai, ais) e castanholas. Ficou bem divertido. Essas vinhetas são boas para gerar um momento de leveza de uma cena para outra.

Por fim, autorizei a Renata e o Vini a interromperem o ensaio com um bolo com velas para a Tililim (vulga Camille). Tivemos a companhia de alguns amigos do Vilavox, e comemoramos o aniversário juntos.

A caçula do Conexão ficando um pouco menos caçula...

No geral, o trabalho anda muito bem, apesar do tempo começar a apertar... É trampo!!!!!

Fernando Yamamoto

7º Dia de trabalho

Salvador, 09 de março de 2009.

Batizado do abacateiro
Leitura
Vilão com bola
Organização do espaço
Passagem do primeiro ato completo

Começamos a leitura do texto a partir da p. 180 depois da primeira fala de Biron até o fim da peça. Essa leitura teve duração de 40 minutos mais ou menos. Antes disso César batizou a música do abacateiro de “Abacatada.”
Para acordar e esquentar o corpo alongamos individualmente e caminhamos pela sala. Sem falar nada Fernando propôs um jogo com bola. Desse jogo(apenas passar a bola caminhando pelo espaço e depois pegar e jogar a bola saltando) evoluímos para o vilão com a bola. Fernando explicou novamente como se jogava e determinou o lugar do castigo(abdominal ou flexão de braço) para quem jogasse a bola errado ou tivesse a mão mole. Esse castigo é muito bom para tirar qualquer possibilidade de cansaço e aumentar ainda mais nosso estado de prontidão. Quando o jogo acabou todos estavam muito ligados.
Depois do vilão os meninos levaram as cadeiras do cabaré para a sala João Augusto onde estávamos trabalhando e Fernando organizou-as da maneira que tinha pensado para a construção da cena. Trabalhamos o primeiro ato completo. Começamos pela cena do rei com os lordes que se posicionaram formando um triangulo no centro da sala. O jogo proposto pela A Outra no workshop entre o rei e os lordes permaneceu: quando o rei falava para os lordes eles ficavam de cara boa e brilho no olho. Quando o rei dava as costas os lordes se olhavam e massageavam os joelhos fazendo cara de dor... Fernando ainda trabalhou um pouco o texto do rei e depois passamos para a cena da entrada de lerdo e Cabeção, depois para a cena de Armado e Meio-quilo. Deu para propor alguma movimentação e ação que pode se tornar interessante a leitura.
É muito bom sentir o trabalho de mesa se concretizando. As imagens vem naturalmente a cabeça e começamos a visualizar a cena de uma maneira mais concreta.

Camille Carvalho

quinta-feira, 12 de março de 2009

Relatório de Atividades do dia 7 de março de 2009

Dia 06

Bem aqui estou eu na minha nobre missão de domingo: redatora, relatora, delatora, enquanto uns e outros procuram seus lugares entre entre as cadeiras do teatro para ver um espetáculo de palhaço ou babam no travesseiro (oh, inveja!), escrevem projetos, lutam contra Dalila, ou preparam a mamadeira das crianças (nem tanto). Enfim, divago.
O caso é que ontem, - sim, senhoras e senhoras: sábado! – após o almoço, com um calor de cão e o corpo pedindo cama, nos reunimos alegremente para mais um dia de trabalho. Por volta das duas e meia da tarde começamos a ver uma montagem de Trabalhos de Amor Perdidos produzidos pela BBC na década de 80.
Trata-se de uma produção um tanto quanto formal, mas ali está o texto de Shakespeare que começa a se tornar familiar, dormir conosco na cama, partilhar a mesa do café da manhã entre migalhas de pão e caroços de mamão. Sendo assim, cada um divertiu-se como pôde (ou não) em ver ali representados “seus” personagens, ou imaginando como representariam melhor, modéstia a parte, os personagens “de outrem”. (Outros ainda resistindo ferroneamente as investidas soníferas do calor da tarde – e aí está minha tarefa de delatora, mesmo que seja de mim mesma, ó nobre tarefa!)

Depois pausa e comer, de novo, oba!

A segunda sessão deu-se no cabaré com o luxo de uma tela plana e caixas de som, cafés e água com gás, a fluência de um musical e final hollyoodiano. Era a produção do Kenneth Brannagh, de 2000. A coisa toda estava indo muito bem, divertente e tal, umas soluçõezinhas aqui e ali, um belo Dom Adriano e uma belíssima Jaqueneta, alias com um elenco todo mais agradável aos olhos, (excluindo-se Marcade e Meio Quilo), mas devo confessar que o final passou um tanto quanto dos limites do aceitável. Aos nossos olhos perverteu o texto, banalizou-o ou, perdeu-se a discussão mais instigante da obra ou, como se diz vulgarmente por ai: cagou na saída. Mas valeu. Claro, é sempre bom ver o que fizeram antes e como o nosso diretor é muito sério e profissional assim não poderia deixar de ser.
Encerramos as atividades por volta das 7 horas da noite.
E amanhã tem mais!

Rita Carelli

terça-feira, 10 de março de 2009

Ensaio dia 06 de março

Ensaio conexão Shakespeare 6 de março de 2009

O ensaio foi iniciado um pouco mais das 19h na sala de ensaio 2 do TVV com Marcos dirigindo o aquecimento vocal. O aquecimento é composto por uma seqüência de exercícios que estamos fazendo desde a terça feira (dia 3 de março): alongamento dos músculos do pescoço e depois uma seqüência de solfejos vibrando a língua e os lábios - geralmente os solfejos são acompanhados pelo violão, mas agora foram conduzidos pelo piano. Antes do início do ensaio Marco e eu conversamos um pouco no cabaré sobre candomblé e nos corredores de idas e vindas para as salas de ensaio encontramos com Marcelo Jardim - cantor que há algum tempo faz a preparação vocal dos grupos e artistas do Vila Velha – que acabou comentar um pouco sobre a rotina de trabalho vocal realizado no TVV. A outra Comapanhia não é um grupo disciplinado para as questões de preparação corporal e vocal até o momento e logo que iniciado o ensaio Marco, baseado nos comentário de Marcelo, ressaltou a necessidade de se manter uma disciplina para a preparação vocal.

Aprendemos duas músicas que serão usadas na leitura: a primeira, não sei o nome, nem de onde é oriunda; a segunda, Pagode Russo

Ontem eu sonhei
que estava em moscou
dançando pagode russo
na boate Kossaco

Parece até um frevo
naquele cai, não cai
Parece até um frevo
naquele vai, não vai

Vem cá coçar
Kossaco dança agora
Na dança do Kossaco
Não deixar saco de fora

É um negócio divertido aprender música para o espetáculo. Essa música será usada na cena em que os nobres disfarçados de galantes russos chegam até a casa do campo onde está hospedada a princesa e sua corte.

Em seguida subimos para a sala João Augusto, nesse dia estávamos com sorte e vivendo dia de rei dentro do TVV, pois tínhamos as duas salas de ensaio disponíveis - o TVV abriga seis grupos artísticos e cinco deles ensaiam a noite - por vezes temos que negociar a utilização das salas mesmo elas estando previamente agendadas.

O ensaio teve a interrupção de aproximadamente 20min porque tive que sair para confirmar a atividade do dia seguinte, assistir dois filmes de versões diferentes do Trabalhos de Amor Perdidos. Tinha que ter agendado com o Estúdio do Vila e não o fiz.

Com o ensaio reiniciado, Yamamoto fez a primeira divisão definitiva de personagens:
Buranga - Lerdo e Dumaine
Cesar - Cabeção
Camille - Meio Quilo e Marie
Eddy - Jaqueneta e Caterine
Luiz - Armado e Longaville
Manuela - Holofernes
Marco - Biron
Renata - Princesa
Rita - Meio Quilo e Rosaline
Roquildes Jr. - Rei
Vinicio - Boyet

Começamos a leitura corrida com os personagens definidos e cronometramos o tempo. Não conseguimos terminar a leitura do texto todo, mas até onde lemos, pagina 180, levamos 1h30min, o que nos permitiu a previsão da leitura completa levar por volta de 2h.

Vinicio de Oliveira Oliveira

domingo, 8 de março de 2009

Relatório do quarto dia de trabalho.

Salvador, 05 de março de 2009

Como foi combinado no dia anterior, começaríamos as atividades um pouco mais cedo, às 18hs, devido à pausa que iríamos fazer por causa da peça Seu Bonfim de Fábio Vidal, conseqüentemente dividindo a noite em duas etapas. Bem diferente dos outros dias, no qual tínhamos alguns minutos para alongar e aquecer o corpo, hoje, fomos direto ao ponto, iniciamos com uma rápida passagem das músicas, já com todos familiarizados não só com a melodia, mais com os ajustes que Marco citou anteriormente, sentir mais energia e fluidez na canção, logo depois, demos continuidade no texto e mais uma vez Fernando durante a leitura realizou a troca de personagens entre os atores.
Leitura vai, leitura vem, paramos para entender o sumiço de Ritinha, já que ela estava entre nós no inicio, Marcade, que dizer, Jefferson avisou para o grupo que seu grande amor estava de partida, então nós sensibilizados através da leitura que fala do amor e outras cositas mais, respeitamos, isso, respeitamos a sua fuga e acabou a história.
Concluído o caso, demos continuidade na leitura e nos cortes (hoje, um pouco mais demorado, menos dinâmico, ou melhoríssimo ainda, sem a Ritinha!).
Entre várias idéias que já surgiram e que provavelmente deverão surgir ao longo dos ensaios, a de hoje, foi formidável, partindo de Marco (uma pessoa altamente criativa!), foi inserido no final dos textos (dos personagens masculinos, com exceção de Boyet ou Boió) do Ato 5, cena 2, a terminação “visk” (associando aos russos), após essa descoberta, o grupo foi tomado por alguns minutos de um estado emocional de excitação plena, eu entusiasmada com a situação, não conseguir conter a imagem que veio na minha cabeça, e disse que o modo deles falar, parecia com “Seu Creisson”. Quase uns apóstolos!


Pausa para “SEU BONFIM”

Ao retornar, concluímos a leitura e a adaptação de todo o texto com novos cortes, Fernando ficou de trazer amanhã (06/03), a distribuição definitiva dos personagens e citou que iríamos fazer um “corridão”, para perceber o ritmo do grupo com relação à leitura e por fim discutimos quem poderia digitar o novo texto.

Manuela Santiago.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Relato do terceiro dia de trabalho

Relato das atividades do terceiro dia de trabalho.


Salvador, 04 de março de 2009.

Hoje, antes das 19h, já estavam presentes na sala de trabalho quase todos, onde naturalmente cada um foi se organizando: Marco tocando no piano, outros revendo os textos, outros alongando, outros apenas deitados deixando o mundo lá fora e entrando em conexão com o trabalho. Quando Fernando (condutor dos trabalhos) chegou, pediu a Marco que iniciasse os trabalhos através dos exercícios que alongam os músculos no aparelho fonador, mostrando que podemos alongar o corpo e ao mesmo tempo trabalhar os ressonadores de forma suave para ir acordando a voz. Eddy, foi trabalhando no limite do seu corpo, pois ainda apresentava dores musculares devido ao incidente do primeiro dia. Durante a condução destes exercícios, Jeferson chegou (atrasado), e para não ficar pra trás, Fernando foi adiantando com ele os exercícios que Marco já tinha feito. Desta vez no vocalize o tom subiu a cada meio ciclo e para finalizar esta etapa cantamos o Mané Pipoca.
Marco nos apresentou a proposta de música para a canção Primavera/Inverno(páginas 230 a 232). A idéia é que a parte da primavera seja cantada pelos homens e o inverno pelas mulheres com intervenções de ambas as partes. Dividida em solos e coros, a música foi ganhando vida nas vozes dos atores que aos poucos foram brincando com o jogo proposto no refrão. Em alguns momentos Marco parava para ajustar algumas vozes que destoavam do conjunto. Acho que a música pegou, pois ela não sai da minha cabeça.
Em seguida partimos para o trabalho com o texto, sentados no chão mesmo, pois hoje as cadeiras não estavam disponíveis. Fernando apresentou a proposta de corte de texto para a cena da encenação (pág 202 a 218). Dando continuidade a leitura que foi do Ato 2 , cena1 (pág 43) até o Ato 4, cena 2(pág 111), Fernando experimentou ouvir alguns personagens através de vários atores, a cada cena ele solicitava a mudança de papéis. A partir de uma sugestão de Rita e outra de Fernando, Marco ficou de apresentar uma proposta de corte para o texto de Biron das páginas 80 e 81. Surgiu uma proposição para que a leitura das cartas de amor sejam feitas por quem as escreveu.
Conforme foi combinado no final da noite, amanhã excepcionalmente iniciaremos as atividades as 18h, dando uma parada para assistir ao espetáculo Seu Bonfim(20h) e retornando logo em seguida com o foco em finalizar a leitura do texto com seus respectivos cortes.

Renata Kaiser.

PS: Fernando apresentou um esboço da disposição dos atores , platéia e cenografia para a leitura.

Trabalhos nada perdidos

A ausência de posts, ao menos da minha parte, se deu pelo rojão que tá aqui em Salvador. Oficina à tarde, ensaios à noite, e o resto da vida - pessoal e do grupo - para se resolver pelas manhãs. Hoje a minha oficina se encerra, e passo o bastão para o Marco, que assume a jornada dupla do Conexão na próxima semana.

Apesar do cansaço que já começa a bater na porta (já!!!????) e da preocupação com o tempo (que parecia infinito antes de chegarmos aqui, e agora que já estamos prestes a terminar o primeiro terço deste intensivão, mostra-se cada vez mais curto!), estamos vivendo dias bem felizes em Salvador.

A oficina tem rendido muito bem, com uma turma muito disposta e disciplinada. Além de alguns exercícios e dinâmicas que fazem parte do treinamento dos Clowns, também estamos explorando algumas possibilidades de criação cênica, a partir de fragmentos de três textos: Dias Felizes, do Beckett, Jardim das Cerejeiras, do Tchecov, e o próprio Trabalhos de Amor Perdidos, menina dos olhos desse projeto. A diversidade da turma, e a distância entre os textos escolhidos têm trazido excelentes surpresas para o trabalho. Para cada um dos grupos, venho apontando caminhos diferentes de exploração do que a dramaturgia propõe. Pro grupo beckettiano, o desafio tem sido encontrar uma forma de lidar com a fragmentação e não-linearidade do texto (e a recorrente tentativa de "naturalização" do texto por parte do grupo); no grupo tchecoviano, como radicalizar na fidelidade à proposta do autor, redobrando atenção às indicações de cena, rubricas e contexto que a obra está inserida; e, no shakespeariano, estamos explorando noções de ritmo, andamento e fluidez do jogo textual. Hoje, por fim, jogaremos tudo isso pro alto, e os encenadores de cada grupo terão a oportunidade de experenciar um processo autocrático, no qual sua criação sobrepujará aos outros elementos da cena: texto, atores, etc. Por fim, espero que possamos fazer uma boa avaliação para pontuar questões da cena contemporânea, em especial dos processos criativos que vêm acontecendo nos nossos grupos pelo país.

Em pleno trabalho

Angel "Varia" em ação, pelo grupo tchecoviano

Já às noites, os trabalhos com Clowns/Outra começaram nem um pouco perdidos. A semana rendeu muito até agora, apesar de algumas etapas do trabalho, necessariamente, tomarem muito tempo. Até ontem, conseguimos discutir e definir os cortes, trabalhar a música de encerramento e, principalmente, colocar o elenco para trabalhar juntos. Equipe pronta!

Como pode ser visto abaixo, teremos todos os dias um protocolo oficial, um relato escrito por um, mas endossado pelos demais, como registro oficial do dia. Após feito o protocolo, modificado e aprovado pelos demais, esses protocolos serão postados no blog, como os dois primeiros dias já foram.

Dias felizes em Salvador!

Melhor nem tentar entender...

Relato dia 02

Salvador, 03 de março de 2009.
Relato do segundo dia de trabalho com a “Outra Cia de Teatro” e o Grupo “Clowns de Shakespeare” no teatro Vila Velha.

No segundo dia de trabalho começamos mais uma vez com um breve alongamento individual. Depois de um alguns instantes Fernando assume e faz um alongamento mais focado para a estrutura vocal, trabalhando principalmente os músculos do pescoço. Na seqüência Marco França trabalha alguns ressonadores: “Rrrrrrrr” (língua solta e vibrando com a saída do ar) “Bruuuuu”, Zzzzzzz, e por fim, “hummm” ou “raming” (solta pelo nariz, de boca fechada, até provocar o ressonador nasal). A cada ciclo, marco que conduzia no violão, subia a escala em meio tom. Todos faziam a dinâmica no tempo proposto pela música e buscando o mesmo timbre.

Após os ressonadores Marco puxou a música “Mané Pipoca”. Essa canção é bem interessante pois consiste em ordenar todas as sílabas do nome “Mané Pipoca”, primeiro na seqüência da escrita e posteriormente de traz para a frente:

Eme, a, ma,
Ene, é, ne,
Pê, i, Pi, Mane Pi,
Pê, o, pó, Mane Pipo,
Cê, a Cá, Mane Pipoca.

Ca, a Ca,
Pê, o, pó, capo,
Pê, i, Pi, Capopi,
Ne, é, ne, Capopi Ne,
Me, a, má, Capopi Nema.


Pode parecer uma canção simples, mas acaba por obrigar a todos a pensarem enquanto cantam, ativando corpo e cérebro. A música acaba por suscitar uma busca pelo acerto que remete a uma total prontidão, comprometendo corpo e mente. É simples, mas eficiente, principalmente para os que ainda não memorizaram a letra.

Depois Marco conduz outra música dentro da mesma proposta. Primeiro faz que a turma aprenda uma melodia a partir da seguinte letra:

Quando eu digo sim, você diz não,
Sim, sim, sim
(e a turma responde)
Não, não, não.

Quando eu digo sol, você responde lua,
Sol, sol, sol.
(e a turma responde)
Lua, lua, lua.


Depois vai acrescentando vários contrários: quente e frio, bota e tira, duro e mole... E a turma sempre respondendo o contrário. Até que em certo momento começa a misturar palavras e a turma, ainda assim, precisa manter-se firme na respostas dos contrários.

Sol, sim, frio.
(e a turma responde)
Lua, não, quente.


A dinâmica acaba por gerar muitas confusões, descontraindo a turma, mas sem desobrigar-se do raciocínio e da prontidão.

Depois da rodada coletiva um a um é chamado à sabatina individual, tendo que expor sua capacidade de raciocínio ao tempo da música.

Encerrado o momento musical Fernando pergunta ao pessoal da “Outra” se eles têm o hábito de trabalhar algum exercício para aquecer e energizar a turma, algo equivalente ao “vilão” (atividade que trabalhamos ontem). Após alguns segundos de indecisão Vinício propõe o “Caboré”. Segundo o proponente da brincadeira trata-se uma dança indígena, e pelas caras dos colegas da “Outra” percebemos que não foi uma idéia muito bem aceita. Logo saberíamos por quê.

A dança começa com todos em formação circular, trocando as pernas como tesoura, primeiro à direita perpassa a perna esquerda e depois ao contrário. A inversão é sempre acompanhada de um pequeno salto e os braços ficam sempre erguidos na altura do ombro e dobrados para frente na altura do cotovelo em 90°.

Enquanto se executa a dança se canta uma música qualquer, no caso Vinício sugeriu a música que trabalhamos ontem porque se sabia que era do domínio de todos.

Vento que venta não venta,
Mar que urra não urra,
Atrás de mim não vem gente, oh meu deus,
Quem é que tanto me empurra.*


Seguindo orientações de Vinício, vocalizamos apenas umas duas vezes, depois disso passamos apenas a ressonar a melodia. A dificuldade estava em manter a musica apenas ressonando junto com um movimento extremamente exaustivos. A música deixava pouquíssimo tempo para a respiração enquanto o corpo, em total atividade, pedia um farto e constante fluxo de ar.

Depois seguimos em fila indiana, mantendo o mesmo movimento e música. Em fila indiana alternamos as pernas enquanto passávamos sobre um cabo de vassoura colocado no chão. Por último, novamente em formação circular, uns desafiavam os outros ao centro da roda, de dois em dois. Ainda sobre orientação de Vinício, quando eram dois homens o espírito no centro da roda era de rivalidade, Quando era homem e mulher e clima era de cortejo.

Fernando então reassume a turma e pede para que apresentemos os Workshops que cada grupo preparou antes desse primeiro com os integrantes dos dois coletivos. Começamos pela “Outra” que apresentou a primeira cena do primeiro ato. Eles mostraram boa afinação e desenvoltura. Foi perceptível que eles ensaiaram e fizeram a tarefa de casa direitinho.
Depois fomos nós. Abrimos com a música que marco propôs: “Princesa”, de Amado Batista. A leitura até que foi boa, mas acho que jogamos pouco entre nós. Fica sempre aquele sentimento de que poderia ter sido melhor.

Como ultima atividade do dia (ou da noite), fizemos nossa primeira leitura com os dois grupos juntos. Lemos a primeira e segunda cena do primeiro ato. O grande destaque fica para Dom Armado, na leitura de Luiz, e para Meio-quilo, na leitura simultânea de Rita e Camille. Seguindo orientações de Fernando Armado ficou com um leve sotaque castelhano canastrão, e Meio-quilo parecendo uma dupla siamesa digna dos melhores (ou piores) freakshow.

* Canção que foi passada ao Grupo Clowns por Lindolfo Amaral, do Grupo Imbuaça (SE), a partir de sua pesquisa de canções do folclore sergipano.

quinta-feira, 5 de março de 2009

02/03/2009

Relatório dia 01

Os trabalhos começaram por volta das 19 horas. Inicialmente fizemos um levantamento sobre as atividades realizadas até o momento. Os Clowns relataram como foram as atividades antes do retorno de Fernando (leitura da tradução da Beatriz) e depois da volta dele com as leituras do texto da Aimara, as divisões de movimentos e as indicações de workshops ensaiados no momento posterior e a ser apresentado na atual etapa do trabalho.

Em seguida A Outra relatou as atividades: também a leitura da tradução da Beatriz antes da chegada de Fernando em Salvador, e depois da chegada dele em janeiro a releitura desse texto, leitura da tradução da Aimara, divisões de movimentos, workshops individuais, em dupla e em grupo e indicação de um workshop em grupo para ser apresentado no atual momento com o retorno das atividades. Além disso, foi relatada a realização das tarefas deixadas por Fernando: em algumas reuniões semanais A Outra estudou o texto tendo com foco atingir o binômio ritmo X entendimento e se preparou para o workshop.

Após um rápido alongamento os trabalhos foram de fato iniciados. Através de uma movimentação pelo espaço foi-se seguindo os comandos dados por Yamamoto, começou a acontecer à integração entre os atores a partir da movimentação, da pausas e de uma série de indicações para se fazer uma fila indiana, libanesa, etc. Em seguida, ele sugeriu que aos poucos o grupo fosse se dividindo em grupos menores seguindo indicações de gênero, cor, estrutura física e a partir dessas divisões era pedido que os grupos fizessem retratos de situações relacionadas ao grupo.

Depois dessa dinâmica, nos reunimos em círculo no centro da sala, nos apresentamos mais uma vez, com isso reforçou-se a integração entre A Outra e os Clowns para brincarmos de Vilão. Na brincadeira ficamos desfalcados. Eddy se machucou e Vinício e Manuela o levaram para o hospital.

Passado o susto, voltamos ao trabalho. Nos debruçamos sobre o texto para que Fernando indicasse as propostas de corte. Em seguida, Marco iniciou um trabalho de música e assim terminou o primeiro dia de atividades.