Na noite de sexta-feira, 13, do mês de março, iniciamos nossas atividades na Sala II do Teatro Vila Velha. Devido à proximidade da realização da leitura – na próxima quinta-feira (19), e ao volume de cenas que precisamos levantar, hoje começamos indo direto para cena, sem fazermos um trabalho de aquecimento e alongamento do corpo e da voz – que normalmente estávamos fazendo (um tempo pra cada um despertar o corpo, se esticar um pouco, e logo em seguida um trabalho que o Marco faz de aquecimento vocal puxando notas com o violão ou com o piano e a gente o seguindo... ou passando para um jogo que o Fernando propunha..., enfim, pulamos esta etapa). A idéia era rascunhar o máximo de cenas possíveis, pra tentar fechar o esboço total até o sábado.
Iniciamos então pela transição da cena 1 do ato IV para a cena 2 do ato IV, onde o César, como Cabeção, cochila e Manuela (Holofernes), Buranga (Lerdo) e Junior (Nataniel – que apontou uma figura interessantíssima, num corpo torcido para a esquerda com olhos tortos, hiper afetado). Ah! É importante dizer que nesta noite não tivemos Vinicio no ensaio, porque ele foi visitar Faculdades a fim de divulgar o seminário “Qual é o Nosso Shakespeare?”.
Pois bem, enquanto Fernando trabalhava com o pessoal a cena 2 do ato IV, na sala, Marco trabalhava a cena 1 do ato III comigo, com Rita e Camille, numa das escadas do Vila. O foco era no andamento e entendimento do texto, na construção das imagens e do desenho melódico da fala, dinamizando a contracena. Rita e Camille dividindo uma mesma personagem (o Meio-Quilo), como se fossem irmãs siamesas, onde as duas quase que compartilham de uma mesma linha de pensamento – têm um desafio imenso de encontrar uma dinâmica de fala, com um ritmo bem definido, mas sem perder de vista as possibilidades de entonações e “coloridos vocais”. E eu, fazendo o Armado, numa forma bem marcada de “estrangeirismo”, buscando um modo de falar onde mesmo mudando a palavra foneticamente... por exemplo: colaboração, que eu (Armado) falaria colaboración... meu trabalho é estar atento para não perder os finais de fala, onde termino de falar indo pra um registro grave (já sinalizados pelo Marco anteriormente); e não abusar muito no “estrangeirar” das palavras, para que as pessoas possam entender o que o personagem fala, afinal de contas a troca de palavras é interessante para gente que tem o texto na mão e percebe o quão safo foi o ator que encontrou uma nova palavra, mas para o público que não conhece o texto e que está ali apenas pra ouvir, é muito difícil entender tudo se falo “estrangeirado” demais, se eu tento trocar todas as palavras...
E além disso, também uma preocupação quanto ao ritmo sempre no mesmo andamento, e aqui trago o trabalho que o Marco fez na quarta-feira (11/03), onde ele apontou para outras possibilidades de encontro da maneira de falar, criando oscilações e “coloridos vocais” que dinamizam a contracena e não cristaliza a fala num mesmo registro de intenção. Para mim, no Armado, isso é muito importante, tendo em vista, que no primeiro momento é ótimo ver o personagem, mas se continua assim o tempo inteiro, vai perdendo a graça, então a proposta é de encontrar outras maneiras de falar, procurando não cristalizar uma forma ao personagem que já é caricato por demais.
Depois de ter levantado a cena 2 do ato IV, fomos em frente rabiscando o desenho da cena 3 deste mesmo ato – que acreditamos ser a grande cena do texto. Não chegamos a finalizar a cena, mas avançamos bastante. Aproveitei para investir num outro caminho para o Longaville – outro personagem que faço na leitura. Até então, estava meio perdido, sem saber qual caminho seguir, e ao final o que estava fazendo era algo bem próximo ao Armado – segundo Marco no mesmo tom e no mesmo ritmo. O que fazer? Minha idéia inicial era deixá-lo o mais próximo do meu modo de falar cotidiano, mas o Armado estava tão interiorizado que o Longaville vinha quase como um irmão gêmeo dele... enfim, aproveitei pra investir em algo mais leve e solto, foi aí que me veio a imagem desse cara que é alegre e juvenil, que canta – meio que indo buscar a inspiração no filme que assistimos no sábado – uma versão musical hollywoodiana do “Trabalhos de Amor Perdidos”. Pois bem, acho que aqui começo a encontrar um caminho possível, mas que não sei ainda se é o que será apresentado na leitura dramática.
Amanhã teremos uma apresentação de Arlequim, lá na Base Naval, as 10h... e depois ensaio, as 14h... ai Deus, coragem! Vamo simbora que o tempo é curto e muito é o trabalho que se tem pra fazer!
quinta-feira, 19 de março de 2009
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