quinta-feira, 26 de março de 2009

Relatório do Dia 17/03

Começamos o ensaio mais ou menos na hora marcada, pouco depois de 18 horas. Tivemos o retorno de Buranga que, doente, não havia ensaiado segunda-feira.
Primeiro começamos, eu (Jr), Marco, Fernando, Rita e Manuela, a leitura do texto “arrumado”, a primeira versão do texto com cortes e falas como vai ser de verdade. Nessa leitura detectamos erros de digitação e fomos sinalizando para que fossem corrigidos. Como todos estavam na sala e ainda estávamos no início do texto, Fernando optou começar logo o ensaio. Então, ele arrumou a sala 2, dispôs as cadeiras no formato mais próximo possível do que utilizaremos no Cabaré e começamos o ensaio.
Partimos da primeira cena e fomos repassando as marcações que começamos a fazer na semana passada. Pensei que seria um caos total por que tínhamos feito as cenas apenas uma vez, mas na passagem percebi que aos poucos, à medida que íamos fazendo, as formas, os caminhos iam aflorando na memória. Essa passagem foi feita com as músicas de forma mais próximo possível do que vai ser.
Pouco antes das 20 horas, por volta do ato 3, paramos a passagem de cenas por que Rita precisava participar de um evento promovido pelo VilaVox – como nós, um dos grupos residentes do Teatro Vila Velha. Ela dirigiu uma leitura dramática que foi apresentada enquanto ensaiávamos. Também aguardávamos o término de outra atividade no cabaré para que pudéssemos ocupá-lo e ensaiar no local da leitura.
Enquanto isso, Marco aproveitou o tempo para repassar todas as músicas e pediu para que os atores sinalizassem nos textos as intervenções musicais, como quem toca o que e em que hora, além dos coros.Feito isso com metade do texto, até o ponto que paramos na sala, ele propôs duas músicas importantes: a vinheta da chegada do rei no acampamento da princesa (momento importante na peça, pois marca primeiro encontro dos casais) e uma música para o início da peça (antes do juramento). No caso da vinheta do encontro dos nobres, ele, com um toque no prato no final da execução, enfatizou com a vinheta o instante do primeiro olhar entre o rei e a princesa e entre os cavalheiros e as damas. Já na vinheta que antecede o juramento a novidade foi a melodia feita na flauta tocada por Manuela (detalhe, ela não sabia tocar flauta). Ambas as músicas são executadas por ela, por César, na sanfona, e Jéferson, na percussão.
Quando terminou esse trabalho estava na hora de ir para o Cabaré dos Novos.Lá, de fato tivemos o espaço como vai ser. Voltamos o trabalho de onde tínhamos parado na sala. Fernando apontou algumas marcações, deu uma situada no espaço e o ensaio voltou a andar, no entanto, diante do adiantado da hora, não conseguimos avançar muito. Ou seja, para dia 18, último dia antes da leitura, ainda resta muito trabalho pela frente.
Vamo que vamo!

terça-feira, 24 de março de 2009

Relatório do Dia 16/03

Bom em primeiro lugar, gostaria de estar me desculpando pelo meu atraso, pois devido a euforia do fim de semana tinha esquecido o horário do ensaio, enfim...O ensaio começou as 18 horas, eu chegue as 19 e ao chegar me deparei com uma situação inusitada pois nossa colega Manuela tinha esquecido “A bíblia” – brincadeira, “O texto”.Fernando me pediu para substituir Vinício pois ele estava fazendo a divulgação do seminário nas faculdades .Chegamos hoje aos momentos finais do texto. O Marco me encarregou de tocar pandeiro, na hora que “cabeção ” desmascara o “Armado” e logo depois minha entrada como “Marcade” - só tenho a dizer que ele vai marcar ... Houveram momentos no ensaio em que Marco parou para organizar as musicas, o andamento, a harmonia e etc.Mais ou menos entre 21 e 22 horas Vinício chegou da divulgação (só lembrando que hoje nós não tivemos Buranga devido a problemas de saúde. E Rita porque ela estava em outra leitura, aqui mesmo no Teatro Vila Velha. Após o término da leitura ela se juntou ao grupo .Bom voltando ao ensaio, Vini assumiu seu personagem “Boyet”. Só lembrando que nesse tempo Fernando marcou as cenas chegamos ao fim da leitura, cantamos a musica de encerramento .Em resumo foi um dia muito produtivo e a dois dias da apresentação da leitura só tenho a dizer que vai ser lindo e já está sendo muito enriquecedor pra mim e para a companhia .

Jeferson Dantas

sexta-feira, 20 de março de 2009

Relatório - Salvador - 14.03.09

Hoje, sábado, cheguei cedo como de costume, com muita vontade de ensaiar. Ainda estou com dificuldade quanto às marcações, me perdi no último. O pessoal d'A Outra Cia. de Teatro tinha feito um espetáculo numa escola no subúrbio. Eu não fiz esse trabalho. O teatro estava vazio. Comi alguns biscoitos porque eu não tenho tempo de almoçar quando temos atividade às 14h. Não começou no horário, isso é ruim, demanda horas extras. O pessoal dos Clowns de Shakespeare chegou do almoço e foi ao hotel para depois voltar. A Outra começou a chegar. Manuela muito chateada, Eddy também. Enfim, começamos a trabalhar no cabaré, dando início da página 124 do 4º ato. Repetimos várias vezes e seguimos com o Fernando fazendo as marcações. No 5º ato, descobrimos a pança cheia do almoço na cena, os arrotos, etc.

Repetimos a cena do Pagode Russo e remarcamos. Às 17 horas trocamos para a sala 02 e passamos até o ponto onde paramos. Tivemos a revelação de que Rita vai participar da outra leitura do VilaVox. Eu não sabia até ler no encarte do Vila. Até então pensei que era na direção. Nos reunimos depois do ensaio para conversar, e depois com Fernando.

E assim foi o dia.

Luiz Buranga

quinta-feira, 19 de março de 2009

Relatório da sexta-feira 13

Na noite de sexta-feira, 13, do mês de março, iniciamos nossas atividades na Sala II do Teatro Vila Velha. Devido à proximidade da realização da leitura – na próxima quinta-feira (19), e ao volume de cenas que precisamos levantar, hoje começamos indo direto para cena, sem fazermos um trabalho de aquecimento e alongamento do corpo e da voz – que normalmente estávamos fazendo (um tempo pra cada um despertar o corpo, se esticar um pouco, e logo em seguida um trabalho que o Marco faz de aquecimento vocal puxando notas com o violão ou com o piano e a gente o seguindo... ou passando para um jogo que o Fernando propunha..., enfim, pulamos esta etapa). A idéia era rascunhar o máximo de cenas possíveis, pra tentar fechar o esboço total até o sábado.

Iniciamos então pela transição da cena 1 do ato IV para a cena 2 do ato IV, onde o César, como Cabeção, cochila e Manuela (Holofernes), Buranga (Lerdo) e Junior (Nataniel – que apontou uma figura interessantíssima, num corpo torcido para a esquerda com olhos tortos, hiper afetado). Ah! É importante dizer que nesta noite não tivemos Vinicio no ensaio, porque ele foi visitar Faculdades a fim de divulgar o seminário “Qual é o Nosso Shakespeare?”.

Pois bem, enquanto Fernando trabalhava com o pessoal a cena 2 do ato IV, na sala, Marco trabalhava a cena 1 do ato III comigo, com Rita e Camille, numa das escadas do Vila. O foco era no andamento e entendimento do texto, na construção das imagens e do desenho melódico da fala, dinamizando a contracena. Rita e Camille dividindo uma mesma personagem (o Meio-Quilo), como se fossem irmãs siamesas, onde as duas quase que compartilham de uma mesma linha de pensamento – têm um desafio imenso de encontrar uma dinâmica de fala, com um ritmo bem definido, mas sem perder de vista as possibilidades de entonações e “coloridos vocais”. E eu, fazendo o Armado, numa forma bem marcada de “estrangeirismo”, buscando um modo de falar onde mesmo mudando a palavra foneticamente... por exemplo: colaboração, que eu (Armado) falaria colaboración... meu trabalho é estar atento para não perder os finais de fala, onde termino de falar indo pra um registro grave (já sinalizados pelo Marco anteriormente); e não abusar muito no “estrangeirar” das palavras, para que as pessoas possam entender o que o personagem fala, afinal de contas a troca de palavras é interessante para gente que tem o texto na mão e percebe o quão safo foi o ator que encontrou uma nova palavra, mas para o público que não conhece o texto e que está ali apenas pra ouvir, é muito difícil entender tudo se falo “estrangeirado” demais, se eu tento trocar todas as palavras...

E além disso, também uma preocupação quanto ao ritmo sempre no mesmo andamento, e aqui trago o trabalho que o Marco fez na quarta-feira (11/03), onde ele apontou para outras possibilidades de encontro da maneira de falar, criando oscilações e “coloridos vocais” que dinamizam a contracena e não cristaliza a fala num mesmo registro de intenção. Para mim, no Armado, isso é muito importante, tendo em vista, que no primeiro momento é ótimo ver o personagem, mas se continua assim o tempo inteiro, vai perdendo a graça, então a proposta é de encontrar outras maneiras de falar, procurando não cristalizar uma forma ao personagem que já é caricato por demais.

Depois de ter levantado a cena 2 do ato IV, fomos em frente rabiscando o desenho da cena 3 deste mesmo ato – que acreditamos ser a grande cena do texto. Não chegamos a finalizar a cena, mas avançamos bastante. Aproveitei para investir num outro caminho para o Longaville – outro personagem que faço na leitura. Até então, estava meio perdido, sem saber qual caminho seguir, e ao final o que estava fazendo era algo bem próximo ao Armado – segundo Marco no mesmo tom e no mesmo ritmo. O que fazer? Minha idéia inicial era deixá-lo o mais próximo do meu modo de falar cotidiano, mas o Armado estava tão interiorizado que o Longaville vinha quase como um irmão gêmeo dele... enfim, aproveitei pra investir em algo mais leve e solto, foi aí que me veio a imagem desse cara que é alegre e juvenil, que canta – meio que indo buscar a inspiração no filme que assistimos no sábado – uma versão musical hollywoodiana do “Trabalhos de Amor Perdidos”. Pois bem, acho que aqui começo a encontrar um caminho possível, mas que não sei ainda se é o que será apresentado na leitura dramática.

Amanhã teremos uma apresentação de Arlequim, lá na Base Naval, as 10h... e depois ensaio, as 14h... ai Deus, coragem! Vamo simbora que o tempo é curto e muito é o trabalho que se tem pra fazer!

RELATO DIA 12/03

Quinta-feira, décimo dia desde que começamos os trabalhos por aqui. Uma rotina quase que estabelecida e que torna cada dia mais familiar, apesar da saudade de casa que começa a dar sinal de vida. Uma Bahia longe das fitinhas do Senhor do Bonfim, dos batuques, da ladeira do Pelô e dos acarajés, mas mergulhada no suor, na ralação e no prazer da troca. “Já” sei sair de casa (é assim que chamamos o flat que estamos hospedados esses dias) a caminho do TCA para almoçar e depois chegar no Vila SOZINHO!!! Uau!! Eu sou mesmo muuuito orientado!! Quando começamos a reconhecer na rua o lixo do dia anterior e a reparar naquela pedra solta na calçada, é hora de admitir que estamos praticamente em casa. Começo a me sentir íntimo e até gostar do calor da sala 2, depois de quatro dias de oficina trabalhando nesse espaço.
Nosso dia começa ainda fora do espaço oficial de trabalho. Quando posso ouvir mesmo que distante, o bater ansioso e tímido das castanholas de Manu. Um pouco depois no Cabaré, enquanto me atualizava no mundo virtual depois de longos dias sem acessá-lo, as irmãs quase que siamesas, Rita e Kiwi, digo, Tililim (bom, vocês já sabem) enquanto lutavam contra um Croissant Gigante que mais parecia um braço delas (e que só custa R$ 2,00 !!), estudavam os textos de MEIO-QUILO, definindo quem diria o quê. Isso ainda fruto do trabalho iniciado comigo no dia anterior.
Ao entrar na sala encontro Juniovsky (Juninho) com o violão, Vini ao piano e Cesar na sanfona tocando juntos a parte da canção final de nosso espetáculo. Sinto que estamos caminhando e que teremos uma sonoridade bem diversificada. Cada um vem se chegando e, alongando individualmente vai tomando o espaço. O chão hoje parecia ser o lugar da preferência da maioria de nós. Meu corpo acusa o cansaço acumulado nesses dias de oficina à tarde e TRABALHOS à noite. Dias puxados. Sim. É preciso coragem.
Após reforçar os motivos da ausência de ontem (finalização do projeto da Petrobras), Fernando ainda ressacado e levemente machucado da perna, levanta questões sobre figurinos, cenografia e reorganização espacial, propondo que conversemos num outro momento e separadamente para trazermos algumas idéias para amanhã. O tempo começa a pedir atenção especial. Restam apenas mais seis encontros até o dia de nossa leitura.
O momento inicial de hoje, que normalmente é dedicado a uma atividade de aquecimento coletivo, resumiu-se a um breve jogo que aprendemos com o Márcio Marciano, onde saltamos em conjunto, enfileirados com um giro no último salto e mantendo constante a pulsação. É interessante observar que não demora para que o exercício consiga nos colocar dentro do jogo, trabalhando juntos. É o reflexo prático de que estamos em sintonia, timbrados. Eu e Fernando agregamos esse exercício no repertório dos jogos utilizados nas oficinas que damos. Eu o chamo carinhosamente de SALTOS MARCIANOS. Uma homenagem ao amigo Lapadiano.
Rapidamente fomos ao texto. Catamos algumas cadeiras disponíveis para experimentarmos outra possibilidade de disposição na área cênica. Depois de nos situarmos nesse novo espaço, tirarmos algumas dúvidas (praticamente só eu as tive em relação a isso) retomamos a leitura do início do texto. Novas coisas surgiram, outras se perderam. Dá vontade de repetir, repetir, limpar, repetir...mas não podemos nos dar esse luxo. Não agora nessa etapa do processo. Não podemos perder o foco e o objetivo desse trabalho. O texto deverá ser o grande protagonista da noite. Não há tempo. Mas é necessário que seja assim. Principalmente no início, para que cheguemos na célula mãe que dará a cara da nossa leitura.
Algumas vinhetas musicais começam a ganhar forma à medida que o texto é lido. Uma dificuldade aparente: dar vida ao jogo de cena e manter a fluidez da leitura. É necessário equilibrar e dosar o olho no texto e no outro. A hora avança e mais uma vez Manu e seu Holofernes terão que esperar até amanhã. Enquanto isso, as castanholas usadas para os momentos do espanhol Armado exigem mais ralação. Pobre senhor Santiago (pai de Manu).
O cuco anuncia a chegada das dez horas. “Como esse canto irrita o ouvido dos DESEPERADOS”. Apesar do cansaço a vontade é de ficar um pouco mais. E um pouco mais ficamos alguns para finalmente fecharmos a cena 1 do Ato 4. Depois de algumas cabeçadas do cabeçudo Cesar e após muita risada, fechamos ao que parece, um terço da leitura.
Rumo à Batcaverna (como chamamos o depósito do Vila que nos coloca a dez passos de casa) seguimos em frente, esperando, quem sabe dormindo, mais um dia de labuta. E que venha a sexta-feira 13. Buuuuuuuuuuu!!!!


Marco França

terça-feira, 17 de março de 2009

Relatório do ensaio 11/03/2009

Bem, hoje começamos o ensaio às 19hs.

Tivemos a ausência do Fernando, da Renata e do Cesar, pq estavam terminando o projeto da Petrobrás. Esse comunicado foi passado pelo Marco.

Buranga chegou atrasado, ficou um pouco perdido, mas depois acabou se encontrando.

Inicialmente Marco pediu que cada um cantasse uma música. Rolou de atirei o pau no gato a Pais e filhos de Renato Russo... Fora uma paródia de sacanagem que o Jeferson fez, deixando Rita um pouco abalada, mas Marco adorou!!

O segundo foi exercício de aquecimento “limão”cada pessoa tinha um número, e falava a palavra limão, depois, falava o nº + limão de outra pessoa, por ex: dois limão; meio limão;quatro limão e trocava de lugar.

Depois com esse mesmo jogo, no final da palavra o nº + limão de outra pessoa, batíamos uma palma.

Continuando, no mesmo jogo, saiu à palavra limão, e a troca de lugar ficou por conta do olhar, só falando “Ei”.

Depois do jogo do limão, Marco pediu pra agente desfazer o círculo e andar pelo espaço, ocupando todos os espaços vazios, com atenção, prontidão, que ele tinha um objetivo de tocar nas costas de cada um. E sem perder um só momento do “OLHAR”

Outro exercício foi pra dividir em três grupos, aí fizemos três movimentos. O quadrado o triângulo e a reta, batendo palmas. Uma coisa bacana que aconteceu foi quando Marco tocou o piano o movimento fluiu mais e a energia foi aumentando,aí o corpo foi junto.

Depois de todo aquecimento ele mandou agente pegar o texto. Em círculo, porém em pé Marco pediu para Jr falar a parte dele do texto, a 1º fala do Rei na pagina cinco. Depois cada um foi repetindo essa mesma fala, tentando aproximar o máximo da forma de Jr.
O próximo foi Luiz com a fala de Armado da pagina 27.
Jeferson foi o terceiro seguindo a mesma linda dos dois com a fala de Marcade da pagina 218.

Teve um momento que Marco pediu para Vini lê a fala de Marcade “sinto muito, senhora. Mas lhe trago U´a nova que me pesa. O rei, seu pai-“
Depois ele mandou Jeferson novamente repetir.
Muito importante que Marco falou foi que através do clareamento da voz do outro, tende a perceber essa musicalidade.

Chegou a vez de Buranga e o processo foi o mesmo.
Rita e kiwi Tb com a fala de Meio-Quilo.
Dicas importantes foram citadas pelo Marco, aparte da fala de cada personagem trabalhada. (Rita, Kiwi, Vini, Luiz e Buranga)
Ex:

O quanto é importante contrapor esse equilíbrio, que é fundamental para o colorido de cada frase.

Que a valorização do colorido para cada coisa, valoriza outra coisa.

Quando o grupo está timbrado significa que estamos trabalhando em conjunto.

Ritmo e andamento vão sempre existir.

Nem sempre devemos obedecer a vírgula.

Por conta do horário não deu tempo ele trabalhar comigo (Eddy) Manuela, Jr e Jeferson.

Para finalizar ele trabalhou a última música do texto. (Primavera e Inverno).

Bem! Acho que é isso. Se esqueci de coisas, desculpa.

Eddy.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Cheirinho de estréia

Enquanto os relatórios diários andam um pouco atrasados - estão todos sendo feitos, diariamente, mas a postagem no blog anda emperrada no da Eddy, que não tá conseguindo publicá-lo - teço algumas considerações sobre como anda o trabalho...

O cheirinho de estréia, de "processo de verdade", tá cada vez mais forte, o forno tá esquentando - aliás, metáfora mais que adequada para o clima soteropolitano... - e o nosso trabalho tá quase ficando pronto! Mesmo sendo uma leitura, mesmo tendo um tempo de processo muito inferior ao que normalmente fazemos, o trabalho começa a surgir ou, como diria o mestre Márcio Aurélio, começamos a puxar o texto pelos cabelos pra fora das páginas e dar-lhe vida, três dimensões.

Hoje finalmente conseguimos levantar todas as cenas. Este final, que me assustava um pouco, por me parecer um tanto desinteressante, foi uma bela surpresa (ao menos para mim, não sei quanto aos demais...).

Paralelamente aos ensaios, a Ritinha e a Indaiá estão fazendo um belo trabalho no figurino e adereços; eu e o Marco hoje montamos a luz no Cabaré dos Novos, nosso espaço de apresentação; o Vini e a Manu mandando ver na divulgação da leitura e do seminário, nas faculdades de Salvador. Enfim, um misto de nervosismo, e ansiedade, de excitação e um pouco de tristeza por já estar chegando ao fim. Três semanas supersônicas!

O trabalho musical do Marco - pra variar - tá excelente também, complementando e dando um colorido muito especial para a cena. O que ele conseguiu fazer com o texto final do espetáculo é um milagre!

E la nave va...

sábado, 14 de março de 2009

Relatório do 8º dia (10/03/09)

Trabalhamos pela primeira vez no Cabaré dos Novos, local onde apresentaremos na semana que vem. Enquanto os meninos chegavam e iam se acomodando, fui experimentando algumas disposições das cadeiras pelo espaço, tirando as mesas com ajuda de alguns, visualizando o espaço de forma mais concreta do que fizemos ontem, já que estávamos no espaço definitivo.

Princesa Renata e Rei Juninho negociando as terras da Aquitânia...

Começamos o trabalho no minúsculo palco do Cabaré, nós doze, alongando. Para quem não conhece o espaço, é importante frisar que não apresentaremos no palco, mas sim no espaço inteiro do Cabaré, misturados com a platéia. Depois, partimos para um vilão com nome naquele espaço mínimo. O jogo ganhou outra dinâmica, muito mais ligada à agilidade da chamada dos nomes do que às corridas e deslocamentos em si. Como castigo, ao invés da tradicional "academia" dos últimos dias - flexões de braço e abdominais para quem era pego -, desta vez propus uma "prenda" mais sacana e divertida: quem fosse pego ou errasse, deveria escolher uma pessoa, e escolher se ela lhe daria um beijo no rosto ou um tapa na bunda. A pessoa escolhida poderia acatar ao pedido ou não. A expectativa se viria um tapa ou um beijo era sempre o momento de maior tensão no jogo, e o vilão, em si, ficou muito "nervoso" pela possibilidade da prenda. Dois destaques foram ligados à Camille; um era que ela era constantemente escolhida, já que é a menor e mais magrela, portanto o risco de um tapa mais forte supostamente seria menor, hipótese que não se confirmou e belos tapas foram desferidos; o outro foi que hoje era o aniversário dela, e na primeira vez que ela foi à berlinda acabou tomando tapas coletivos e beijos coletivos em homenagem à data. Divertido, e deu aquela ligada necessária para irmos à leitura. Antes, ainda, passamos a música final, desta vez como reforço do Juninho no violão, ao lado do Marco.

Passado isso, fomos à leitura. Expliquei os ajustes da configuração do espaço no Cabaré, e retomamos do ponto onde tínhamos parado ontem, na primeira cena do segundo ato. A cena é um tanto ardilosa, com várias situações que sugerem muito mais interesse nas ações do que no texto, e esses momentos são muito prejudicados na leitura, obviamente. Várias das conquistas que tivemos em relação a ritmo e andamento da leitura, e em alguns casos até mesmo no entendimento, foram um pouco perdidos. Por outro lado, a ação e o jogo começam a compensar um pouco essas perdas. Alguns movimentos coletivos foram legais, como alguns momentos das meninas aguardando por notícias do Boyet ou o jogo entre os quatro rapazes e as quatro moças.

Ainda tivemos tempo de começar a trabalhar a cena seguinte, do Dom Armado com o(a)s Meios-Quilos, as irmãs siamesas. O Marco trabalhou uma vinheta espanhola para o Armado, com violões, acordeom, palmas, gritos femininos (ai, ai, ais) e castanholas. Ficou bem divertido. Essas vinhetas são boas para gerar um momento de leveza de uma cena para outra.

Por fim, autorizei a Renata e o Vini a interromperem o ensaio com um bolo com velas para a Tililim (vulga Camille). Tivemos a companhia de alguns amigos do Vilavox, e comemoramos o aniversário juntos.

A caçula do Conexão ficando um pouco menos caçula...

No geral, o trabalho anda muito bem, apesar do tempo começar a apertar... É trampo!!!!!

Fernando Yamamoto

7º Dia de trabalho

Salvador, 09 de março de 2009.

Batizado do abacateiro
Leitura
Vilão com bola
Organização do espaço
Passagem do primeiro ato completo

Começamos a leitura do texto a partir da p. 180 depois da primeira fala de Biron até o fim da peça. Essa leitura teve duração de 40 minutos mais ou menos. Antes disso César batizou a música do abacateiro de “Abacatada.”
Para acordar e esquentar o corpo alongamos individualmente e caminhamos pela sala. Sem falar nada Fernando propôs um jogo com bola. Desse jogo(apenas passar a bola caminhando pelo espaço e depois pegar e jogar a bola saltando) evoluímos para o vilão com a bola. Fernando explicou novamente como se jogava e determinou o lugar do castigo(abdominal ou flexão de braço) para quem jogasse a bola errado ou tivesse a mão mole. Esse castigo é muito bom para tirar qualquer possibilidade de cansaço e aumentar ainda mais nosso estado de prontidão. Quando o jogo acabou todos estavam muito ligados.
Depois do vilão os meninos levaram as cadeiras do cabaré para a sala João Augusto onde estávamos trabalhando e Fernando organizou-as da maneira que tinha pensado para a construção da cena. Trabalhamos o primeiro ato completo. Começamos pela cena do rei com os lordes que se posicionaram formando um triangulo no centro da sala. O jogo proposto pela A Outra no workshop entre o rei e os lordes permaneceu: quando o rei falava para os lordes eles ficavam de cara boa e brilho no olho. Quando o rei dava as costas os lordes se olhavam e massageavam os joelhos fazendo cara de dor... Fernando ainda trabalhou um pouco o texto do rei e depois passamos para a cena da entrada de lerdo e Cabeção, depois para a cena de Armado e Meio-quilo. Deu para propor alguma movimentação e ação que pode se tornar interessante a leitura.
É muito bom sentir o trabalho de mesa se concretizando. As imagens vem naturalmente a cabeça e começamos a visualizar a cena de uma maneira mais concreta.

Camille Carvalho

quinta-feira, 12 de março de 2009

Relatório de Atividades do dia 7 de março de 2009

Dia 06

Bem aqui estou eu na minha nobre missão de domingo: redatora, relatora, delatora, enquanto uns e outros procuram seus lugares entre entre as cadeiras do teatro para ver um espetáculo de palhaço ou babam no travesseiro (oh, inveja!), escrevem projetos, lutam contra Dalila, ou preparam a mamadeira das crianças (nem tanto). Enfim, divago.
O caso é que ontem, - sim, senhoras e senhoras: sábado! – após o almoço, com um calor de cão e o corpo pedindo cama, nos reunimos alegremente para mais um dia de trabalho. Por volta das duas e meia da tarde começamos a ver uma montagem de Trabalhos de Amor Perdidos produzidos pela BBC na década de 80.
Trata-se de uma produção um tanto quanto formal, mas ali está o texto de Shakespeare que começa a se tornar familiar, dormir conosco na cama, partilhar a mesa do café da manhã entre migalhas de pão e caroços de mamão. Sendo assim, cada um divertiu-se como pôde (ou não) em ver ali representados “seus” personagens, ou imaginando como representariam melhor, modéstia a parte, os personagens “de outrem”. (Outros ainda resistindo ferroneamente as investidas soníferas do calor da tarde – e aí está minha tarefa de delatora, mesmo que seja de mim mesma, ó nobre tarefa!)

Depois pausa e comer, de novo, oba!

A segunda sessão deu-se no cabaré com o luxo de uma tela plana e caixas de som, cafés e água com gás, a fluência de um musical e final hollyoodiano. Era a produção do Kenneth Brannagh, de 2000. A coisa toda estava indo muito bem, divertente e tal, umas soluçõezinhas aqui e ali, um belo Dom Adriano e uma belíssima Jaqueneta, alias com um elenco todo mais agradável aos olhos, (excluindo-se Marcade e Meio Quilo), mas devo confessar que o final passou um tanto quanto dos limites do aceitável. Aos nossos olhos perverteu o texto, banalizou-o ou, perdeu-se a discussão mais instigante da obra ou, como se diz vulgarmente por ai: cagou na saída. Mas valeu. Claro, é sempre bom ver o que fizeram antes e como o nosso diretor é muito sério e profissional assim não poderia deixar de ser.
Encerramos as atividades por volta das 7 horas da noite.
E amanhã tem mais!

Rita Carelli

terça-feira, 10 de março de 2009

Ensaio dia 06 de março

Ensaio conexão Shakespeare 6 de março de 2009

O ensaio foi iniciado um pouco mais das 19h na sala de ensaio 2 do TVV com Marcos dirigindo o aquecimento vocal. O aquecimento é composto por uma seqüência de exercícios que estamos fazendo desde a terça feira (dia 3 de março): alongamento dos músculos do pescoço e depois uma seqüência de solfejos vibrando a língua e os lábios - geralmente os solfejos são acompanhados pelo violão, mas agora foram conduzidos pelo piano. Antes do início do ensaio Marco e eu conversamos um pouco no cabaré sobre candomblé e nos corredores de idas e vindas para as salas de ensaio encontramos com Marcelo Jardim - cantor que há algum tempo faz a preparação vocal dos grupos e artistas do Vila Velha – que acabou comentar um pouco sobre a rotina de trabalho vocal realizado no TVV. A outra Comapanhia não é um grupo disciplinado para as questões de preparação corporal e vocal até o momento e logo que iniciado o ensaio Marco, baseado nos comentário de Marcelo, ressaltou a necessidade de se manter uma disciplina para a preparação vocal.

Aprendemos duas músicas que serão usadas na leitura: a primeira, não sei o nome, nem de onde é oriunda; a segunda, Pagode Russo

Ontem eu sonhei
que estava em moscou
dançando pagode russo
na boate Kossaco

Parece até um frevo
naquele cai, não cai
Parece até um frevo
naquele vai, não vai

Vem cá coçar
Kossaco dança agora
Na dança do Kossaco
Não deixar saco de fora

É um negócio divertido aprender música para o espetáculo. Essa música será usada na cena em que os nobres disfarçados de galantes russos chegam até a casa do campo onde está hospedada a princesa e sua corte.

Em seguida subimos para a sala João Augusto, nesse dia estávamos com sorte e vivendo dia de rei dentro do TVV, pois tínhamos as duas salas de ensaio disponíveis - o TVV abriga seis grupos artísticos e cinco deles ensaiam a noite - por vezes temos que negociar a utilização das salas mesmo elas estando previamente agendadas.

O ensaio teve a interrupção de aproximadamente 20min porque tive que sair para confirmar a atividade do dia seguinte, assistir dois filmes de versões diferentes do Trabalhos de Amor Perdidos. Tinha que ter agendado com o Estúdio do Vila e não o fiz.

Com o ensaio reiniciado, Yamamoto fez a primeira divisão definitiva de personagens:
Buranga - Lerdo e Dumaine
Cesar - Cabeção
Camille - Meio Quilo e Marie
Eddy - Jaqueneta e Caterine
Luiz - Armado e Longaville
Manuela - Holofernes
Marco - Biron
Renata - Princesa
Rita - Meio Quilo e Rosaline
Roquildes Jr. - Rei
Vinicio - Boyet

Começamos a leitura corrida com os personagens definidos e cronometramos o tempo. Não conseguimos terminar a leitura do texto todo, mas até onde lemos, pagina 180, levamos 1h30min, o que nos permitiu a previsão da leitura completa levar por volta de 2h.

Vinicio de Oliveira Oliveira

domingo, 8 de março de 2009

Relatório do quarto dia de trabalho.

Salvador, 05 de março de 2009

Como foi combinado no dia anterior, começaríamos as atividades um pouco mais cedo, às 18hs, devido à pausa que iríamos fazer por causa da peça Seu Bonfim de Fábio Vidal, conseqüentemente dividindo a noite em duas etapas. Bem diferente dos outros dias, no qual tínhamos alguns minutos para alongar e aquecer o corpo, hoje, fomos direto ao ponto, iniciamos com uma rápida passagem das músicas, já com todos familiarizados não só com a melodia, mais com os ajustes que Marco citou anteriormente, sentir mais energia e fluidez na canção, logo depois, demos continuidade no texto e mais uma vez Fernando durante a leitura realizou a troca de personagens entre os atores.
Leitura vai, leitura vem, paramos para entender o sumiço de Ritinha, já que ela estava entre nós no inicio, Marcade, que dizer, Jefferson avisou para o grupo que seu grande amor estava de partida, então nós sensibilizados através da leitura que fala do amor e outras cositas mais, respeitamos, isso, respeitamos a sua fuga e acabou a história.
Concluído o caso, demos continuidade na leitura e nos cortes (hoje, um pouco mais demorado, menos dinâmico, ou melhoríssimo ainda, sem a Ritinha!).
Entre várias idéias que já surgiram e que provavelmente deverão surgir ao longo dos ensaios, a de hoje, foi formidável, partindo de Marco (uma pessoa altamente criativa!), foi inserido no final dos textos (dos personagens masculinos, com exceção de Boyet ou Boió) do Ato 5, cena 2, a terminação “visk” (associando aos russos), após essa descoberta, o grupo foi tomado por alguns minutos de um estado emocional de excitação plena, eu entusiasmada com a situação, não conseguir conter a imagem que veio na minha cabeça, e disse que o modo deles falar, parecia com “Seu Creisson”. Quase uns apóstolos!


Pausa para “SEU BONFIM”

Ao retornar, concluímos a leitura e a adaptação de todo o texto com novos cortes, Fernando ficou de trazer amanhã (06/03), a distribuição definitiva dos personagens e citou que iríamos fazer um “corridão”, para perceber o ritmo do grupo com relação à leitura e por fim discutimos quem poderia digitar o novo texto.

Manuela Santiago.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Relato do terceiro dia de trabalho

Relato das atividades do terceiro dia de trabalho.


Salvador, 04 de março de 2009.

Hoje, antes das 19h, já estavam presentes na sala de trabalho quase todos, onde naturalmente cada um foi se organizando: Marco tocando no piano, outros revendo os textos, outros alongando, outros apenas deitados deixando o mundo lá fora e entrando em conexão com o trabalho. Quando Fernando (condutor dos trabalhos) chegou, pediu a Marco que iniciasse os trabalhos através dos exercícios que alongam os músculos no aparelho fonador, mostrando que podemos alongar o corpo e ao mesmo tempo trabalhar os ressonadores de forma suave para ir acordando a voz. Eddy, foi trabalhando no limite do seu corpo, pois ainda apresentava dores musculares devido ao incidente do primeiro dia. Durante a condução destes exercícios, Jeferson chegou (atrasado), e para não ficar pra trás, Fernando foi adiantando com ele os exercícios que Marco já tinha feito. Desta vez no vocalize o tom subiu a cada meio ciclo e para finalizar esta etapa cantamos o Mané Pipoca.
Marco nos apresentou a proposta de música para a canção Primavera/Inverno(páginas 230 a 232). A idéia é que a parte da primavera seja cantada pelos homens e o inverno pelas mulheres com intervenções de ambas as partes. Dividida em solos e coros, a música foi ganhando vida nas vozes dos atores que aos poucos foram brincando com o jogo proposto no refrão. Em alguns momentos Marco parava para ajustar algumas vozes que destoavam do conjunto. Acho que a música pegou, pois ela não sai da minha cabeça.
Em seguida partimos para o trabalho com o texto, sentados no chão mesmo, pois hoje as cadeiras não estavam disponíveis. Fernando apresentou a proposta de corte de texto para a cena da encenação (pág 202 a 218). Dando continuidade a leitura que foi do Ato 2 , cena1 (pág 43) até o Ato 4, cena 2(pág 111), Fernando experimentou ouvir alguns personagens através de vários atores, a cada cena ele solicitava a mudança de papéis. A partir de uma sugestão de Rita e outra de Fernando, Marco ficou de apresentar uma proposta de corte para o texto de Biron das páginas 80 e 81. Surgiu uma proposição para que a leitura das cartas de amor sejam feitas por quem as escreveu.
Conforme foi combinado no final da noite, amanhã excepcionalmente iniciaremos as atividades as 18h, dando uma parada para assistir ao espetáculo Seu Bonfim(20h) e retornando logo em seguida com o foco em finalizar a leitura do texto com seus respectivos cortes.

Renata Kaiser.

PS: Fernando apresentou um esboço da disposição dos atores , platéia e cenografia para a leitura.

Trabalhos nada perdidos

A ausência de posts, ao menos da minha parte, se deu pelo rojão que tá aqui em Salvador. Oficina à tarde, ensaios à noite, e o resto da vida - pessoal e do grupo - para se resolver pelas manhãs. Hoje a minha oficina se encerra, e passo o bastão para o Marco, que assume a jornada dupla do Conexão na próxima semana.

Apesar do cansaço que já começa a bater na porta (já!!!????) e da preocupação com o tempo (que parecia infinito antes de chegarmos aqui, e agora que já estamos prestes a terminar o primeiro terço deste intensivão, mostra-se cada vez mais curto!), estamos vivendo dias bem felizes em Salvador.

A oficina tem rendido muito bem, com uma turma muito disposta e disciplinada. Além de alguns exercícios e dinâmicas que fazem parte do treinamento dos Clowns, também estamos explorando algumas possibilidades de criação cênica, a partir de fragmentos de três textos: Dias Felizes, do Beckett, Jardim das Cerejeiras, do Tchecov, e o próprio Trabalhos de Amor Perdidos, menina dos olhos desse projeto. A diversidade da turma, e a distância entre os textos escolhidos têm trazido excelentes surpresas para o trabalho. Para cada um dos grupos, venho apontando caminhos diferentes de exploração do que a dramaturgia propõe. Pro grupo beckettiano, o desafio tem sido encontrar uma forma de lidar com a fragmentação e não-linearidade do texto (e a recorrente tentativa de "naturalização" do texto por parte do grupo); no grupo tchecoviano, como radicalizar na fidelidade à proposta do autor, redobrando atenção às indicações de cena, rubricas e contexto que a obra está inserida; e, no shakespeariano, estamos explorando noções de ritmo, andamento e fluidez do jogo textual. Hoje, por fim, jogaremos tudo isso pro alto, e os encenadores de cada grupo terão a oportunidade de experenciar um processo autocrático, no qual sua criação sobrepujará aos outros elementos da cena: texto, atores, etc. Por fim, espero que possamos fazer uma boa avaliação para pontuar questões da cena contemporânea, em especial dos processos criativos que vêm acontecendo nos nossos grupos pelo país.

Em pleno trabalho

Angel "Varia" em ação, pelo grupo tchecoviano

Já às noites, os trabalhos com Clowns/Outra começaram nem um pouco perdidos. A semana rendeu muito até agora, apesar de algumas etapas do trabalho, necessariamente, tomarem muito tempo. Até ontem, conseguimos discutir e definir os cortes, trabalhar a música de encerramento e, principalmente, colocar o elenco para trabalhar juntos. Equipe pronta!

Como pode ser visto abaixo, teremos todos os dias um protocolo oficial, um relato escrito por um, mas endossado pelos demais, como registro oficial do dia. Após feito o protocolo, modificado e aprovado pelos demais, esses protocolos serão postados no blog, como os dois primeiros dias já foram.

Dias felizes em Salvador!

Melhor nem tentar entender...

Relato dia 02

Salvador, 03 de março de 2009.
Relato do segundo dia de trabalho com a “Outra Cia de Teatro” e o Grupo “Clowns de Shakespeare” no teatro Vila Velha.

No segundo dia de trabalho começamos mais uma vez com um breve alongamento individual. Depois de um alguns instantes Fernando assume e faz um alongamento mais focado para a estrutura vocal, trabalhando principalmente os músculos do pescoço. Na seqüência Marco França trabalha alguns ressonadores: “Rrrrrrrr” (língua solta e vibrando com a saída do ar) “Bruuuuu”, Zzzzzzz, e por fim, “hummm” ou “raming” (solta pelo nariz, de boca fechada, até provocar o ressonador nasal). A cada ciclo, marco que conduzia no violão, subia a escala em meio tom. Todos faziam a dinâmica no tempo proposto pela música e buscando o mesmo timbre.

Após os ressonadores Marco puxou a música “Mané Pipoca”. Essa canção é bem interessante pois consiste em ordenar todas as sílabas do nome “Mané Pipoca”, primeiro na seqüência da escrita e posteriormente de traz para a frente:

Eme, a, ma,
Ene, é, ne,
Pê, i, Pi, Mane Pi,
Pê, o, pó, Mane Pipo,
Cê, a Cá, Mane Pipoca.

Ca, a Ca,
Pê, o, pó, capo,
Pê, i, Pi, Capopi,
Ne, é, ne, Capopi Ne,
Me, a, má, Capopi Nema.


Pode parecer uma canção simples, mas acaba por obrigar a todos a pensarem enquanto cantam, ativando corpo e cérebro. A música acaba por suscitar uma busca pelo acerto que remete a uma total prontidão, comprometendo corpo e mente. É simples, mas eficiente, principalmente para os que ainda não memorizaram a letra.

Depois Marco conduz outra música dentro da mesma proposta. Primeiro faz que a turma aprenda uma melodia a partir da seguinte letra:

Quando eu digo sim, você diz não,
Sim, sim, sim
(e a turma responde)
Não, não, não.

Quando eu digo sol, você responde lua,
Sol, sol, sol.
(e a turma responde)
Lua, lua, lua.


Depois vai acrescentando vários contrários: quente e frio, bota e tira, duro e mole... E a turma sempre respondendo o contrário. Até que em certo momento começa a misturar palavras e a turma, ainda assim, precisa manter-se firme na respostas dos contrários.

Sol, sim, frio.
(e a turma responde)
Lua, não, quente.


A dinâmica acaba por gerar muitas confusões, descontraindo a turma, mas sem desobrigar-se do raciocínio e da prontidão.

Depois da rodada coletiva um a um é chamado à sabatina individual, tendo que expor sua capacidade de raciocínio ao tempo da música.

Encerrado o momento musical Fernando pergunta ao pessoal da “Outra” se eles têm o hábito de trabalhar algum exercício para aquecer e energizar a turma, algo equivalente ao “vilão” (atividade que trabalhamos ontem). Após alguns segundos de indecisão Vinício propõe o “Caboré”. Segundo o proponente da brincadeira trata-se uma dança indígena, e pelas caras dos colegas da “Outra” percebemos que não foi uma idéia muito bem aceita. Logo saberíamos por quê.

A dança começa com todos em formação circular, trocando as pernas como tesoura, primeiro à direita perpassa a perna esquerda e depois ao contrário. A inversão é sempre acompanhada de um pequeno salto e os braços ficam sempre erguidos na altura do ombro e dobrados para frente na altura do cotovelo em 90°.

Enquanto se executa a dança se canta uma música qualquer, no caso Vinício sugeriu a música que trabalhamos ontem porque se sabia que era do domínio de todos.

Vento que venta não venta,
Mar que urra não urra,
Atrás de mim não vem gente, oh meu deus,
Quem é que tanto me empurra.*


Seguindo orientações de Vinício, vocalizamos apenas umas duas vezes, depois disso passamos apenas a ressonar a melodia. A dificuldade estava em manter a musica apenas ressonando junto com um movimento extremamente exaustivos. A música deixava pouquíssimo tempo para a respiração enquanto o corpo, em total atividade, pedia um farto e constante fluxo de ar.

Depois seguimos em fila indiana, mantendo o mesmo movimento e música. Em fila indiana alternamos as pernas enquanto passávamos sobre um cabo de vassoura colocado no chão. Por último, novamente em formação circular, uns desafiavam os outros ao centro da roda, de dois em dois. Ainda sobre orientação de Vinício, quando eram dois homens o espírito no centro da roda era de rivalidade, Quando era homem e mulher e clima era de cortejo.

Fernando então reassume a turma e pede para que apresentemos os Workshops que cada grupo preparou antes desse primeiro com os integrantes dos dois coletivos. Começamos pela “Outra” que apresentou a primeira cena do primeiro ato. Eles mostraram boa afinação e desenvoltura. Foi perceptível que eles ensaiaram e fizeram a tarefa de casa direitinho.
Depois fomos nós. Abrimos com a música que marco propôs: “Princesa”, de Amado Batista. A leitura até que foi boa, mas acho que jogamos pouco entre nós. Fica sempre aquele sentimento de que poderia ter sido melhor.

Como ultima atividade do dia (ou da noite), fizemos nossa primeira leitura com os dois grupos juntos. Lemos a primeira e segunda cena do primeiro ato. O grande destaque fica para Dom Armado, na leitura de Luiz, e para Meio-quilo, na leitura simultânea de Rita e Camille. Seguindo orientações de Fernando Armado ficou com um leve sotaque castelhano canastrão, e Meio-quilo parecendo uma dupla siamesa digna dos melhores (ou piores) freakshow.

* Canção que foi passada ao Grupo Clowns por Lindolfo Amaral, do Grupo Imbuaça (SE), a partir de sua pesquisa de canções do folclore sergipano.

quinta-feira, 5 de março de 2009

02/03/2009

Relatório dia 01

Os trabalhos começaram por volta das 19 horas. Inicialmente fizemos um levantamento sobre as atividades realizadas até o momento. Os Clowns relataram como foram as atividades antes do retorno de Fernando (leitura da tradução da Beatriz) e depois da volta dele com as leituras do texto da Aimara, as divisões de movimentos e as indicações de workshops ensaiados no momento posterior e a ser apresentado na atual etapa do trabalho.

Em seguida A Outra relatou as atividades: também a leitura da tradução da Beatriz antes da chegada de Fernando em Salvador, e depois da chegada dele em janeiro a releitura desse texto, leitura da tradução da Aimara, divisões de movimentos, workshops individuais, em dupla e em grupo e indicação de um workshop em grupo para ser apresentado no atual momento com o retorno das atividades. Além disso, foi relatada a realização das tarefas deixadas por Fernando: em algumas reuniões semanais A Outra estudou o texto tendo com foco atingir o binômio ritmo X entendimento e se preparou para o workshop.

Após um rápido alongamento os trabalhos foram de fato iniciados. Através de uma movimentação pelo espaço foi-se seguindo os comandos dados por Yamamoto, começou a acontecer à integração entre os atores a partir da movimentação, da pausas e de uma série de indicações para se fazer uma fila indiana, libanesa, etc. Em seguida, ele sugeriu que aos poucos o grupo fosse se dividindo em grupos menores seguindo indicações de gênero, cor, estrutura física e a partir dessas divisões era pedido que os grupos fizessem retratos de situações relacionadas ao grupo.

Depois dessa dinâmica, nos reunimos em círculo no centro da sala, nos apresentamos mais uma vez, com isso reforçou-se a integração entre A Outra e os Clowns para brincarmos de Vilão. Na brincadeira ficamos desfalcados. Eddy se machucou e Vinício e Manuela o levaram para o hospital.

Passado o susto, voltamos ao trabalho. Nos debruçamos sobre o texto para que Fernando indicasse as propostas de corte. Em seguida, Marco iniciou um trabalho de música e assim terminou o primeiro dia de atividades.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

E março chegou!

Malas prontas, contas pagas, plantas cuidadas. Livros selecionados, DVDs separados e instrumentos embalados. Ansiedades prestes a serem alimentadas e vencidas. Finalmente março barte a porta. Amanhã (ou, daqui a pouco) chegaremos a terra de todos os santos pós Carnaval. É hora de celebrarmos o encontro e a nova fase desse projeto de trocas. Que venham os trabalhos. Que venham os desafios de TRABALHOS. É acarajé com jerimum! E vamo nóis!!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cortes

Nestes últimos dias antes de partir para a grande imersão em Salvador estive trabalhando numa proposta de alguns cortes do texto de Trabalhos de Amor Perdidos. A tarefa é ingratíssima, uma vez que a tradução que estamos trabalhando, da querida Aimara Resende, é de uma extrema felicidade, por um lado respeita o brilho da obra original, e mas por outro recontextualiza os jogos de palavras que o texto propõe.

Diferente de outros texto shakespearianos com os quais já trabalhamos, em especial o Muito Barulho, que identificamos uma necessidade de reduzir gorduras, confesso que, com o Trabalhos de Amor, propus cortes por uma questão de tempo de leitura: na cronometragem que os meninos fizeram em Salvador, a leitura durou 2h47! Além dessa dificuldade de ser muito mais direto, o texto é todo baseado em jogos de palavras e, nesta tradução - assim como no original -, é escrito em verso.

No retorno ao trabalho no Vila, com todos os atores, apresentarei essas propostas e fecharemos a nossa versão do texto.

Agora, é arrumar as malas e enfrentar o calor soteropolitano! Não tenho dúvida que o trabalho será muito bom, esse encontro dos Clowns e d'A Outra renderá muitos frutos.

Os selecionado...

Segue abaixo a lista dos selecionados para as três oficinas do projeto Conexão Shakespeare-Nordeste. Aos selecionados, parabéns! A quem ficou de fora, o nosso agradecimento pela inscrição e o nosso convite para participarem das outras atividades do projeto: o seminário sobre Shakespeare nos dias 18 e 19 de março e leitura encenada realizada pel'A Outra Companhia de Teatro e pelos Clowns de Shakespeare do texto Trabalhos de amor perdidos no dia 19 de março, às 19 horas, aqui no Vila.
Lembrando que segunda-feira começa a Oficina Laboratório de Criação Cênica, com Fernando Yamamoto. Então, todos os selecionado para esta oficina compareçam ao Vila a partir de 13:30.No mais, é isso... Segue a lista:

OFICINA LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO CÊNICA

1. ALEX BARRETO DOS SANTOS
2. ALEXANDRE GEISLER DE BRITO LIRA
3. ANA CAROLINA FERREIRA ALVES
4. ANDERSON DE ALCANTARA SANTOS
5. ANGEL MÁRIA MARQUES FONSECA
6. CRISTIANE MARIA GONÇALVES DE LACERDA
7. EDNEI SOARES DA COSTA
8. FILIPE SILVEIRA LEITE ALVES SANTOS
9. JAQUELINE DE LEÃO SANTANA
10. JONATAN DE SANTANA MIRANDA AMORIM
11. LUCAS DOS ANJOS PIMENTEL
12. MAIANA PASSOS VEIGA
13. MARINA POLLYANNA S. M. DO CARMO
14. MAURÍCIO SILVA MENDES
15. NOAN SOUZA SANTOS
16. ROBSON GOMES DA SILVA
17. ROGERIO DE ASSIS
18. ROSANGELA DE GINO BENTO
19. RUY JOSÉ DOS SANTOS
20. SANDRO SUZART SOUZA SANTANA
21. SAULUS CASTRO
22. VERENA UZÊDA SENA GOMES
23. VINÍCIUS MARTINS
24. WINDSON MORAES
25. YOLANDA JACY ROCHA DOURADO

OFICINA A MÚSICA DA CENA
1. ALBERT DE SOUZA VIEIRA
2. ANDRÉ LUÍS PINHEIRO
3. BÁRBARA VIRGÍNIA DAMASCENO BRAGA
4. BRUNO ROBERTO DE SOUSA
5. CARLOS DARZÉ
6. CATARINA ROSA CAMPOS
7. CHRISTIANA DIAS DE MENDES RIBEIRO
8. DANILO DOS SANTOS SILVA
9. DIEGO NUNES PINHEIRO
10. DOMINIQUE EVELYN GALVÃO DE JESUS
11. EMERSON SANTOS NUNES
12. EMILLIE LAPA DO ESPIRITO SANTO
13. FRANCISCO MÁRCIO DE LIMA OLIVEIRA
14. IVAN ALEXANDRE DOS SANTOS FILHO
15. JACYAN CASTILHO
16. JAMILE DE OLIVEIRA GONÇALVES
17. JÉSSICA COUTO PEREIRA
18. LIZ NOVAIS PINHEIRO
19. PATRÍCIA DE SÁ OLIVEIRA FRANCO
20. SARA QUELEN MASCARENHAS DOS SANTOS
21. VANIA FRANÇA DE OLIVEIRA

OFICINA GESTÃO DE GRUPO

1. ANGELA DA COSTA MOREIRA
2. BIANCA GONZAGA TRINDADE
3. CARLOS AGUSTO CHIMINI
4. CARLOS RAFAEL LUZ DE SOUSA
5. DOMINIQUE EVELYN GALVÃO DE JESUS
6. ELAINE PINHO
7. ÉRICA MARTINS DE MIRANDA RIBEIRO
8. FÁBIO OSÓRIO
9. FRANCISCO MÁRCIO DE LIMA OLIVEIRA
10. ISABELA COELHO
11. JULIETE NASCIMENTO DOS SANTOS
12. LAÍS GOMES ROCHA
13. MICHELE FERREIRA RAMOS
14. MONICA FERREIRA
15. PAULA BRITO DE OLIVEIRA
16. RAQUEL MACIEL PAULO DOS ANJOS
17. RENATA MACIEL PAULO DOS ANJOS
18. RUY JOSÉ DOS SANTOS
19. SHEILA ROBERTA MASCARENHAS LAURO DA SILVA
20. THIAGO MANDU DOS SANTOS

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fecha a conta e passa a régua!

Acabou-se o que era doce! Não! Eu não estou falando do carnaval. Estão encerradas as inscrições para as oficinas do projeto Conexão Shakespeare-Nordeste.
A procura foi grande, mais uma vez recebemos toneladas de e-mails de incrições, inclusive durante o carnaval. Serão 20 alunos por turmas, as vagas foram mais concorridas do que abadá de graça ou vaga para trabalhar de cordeiro, e até amanhã, dia 27/02, entraremos em contato com os felizardos que farão parte das turmas das oficinas ministradas pelo grupo Clowns de Shakespeare (RN) entre os dias 02 e 20 de março.
Além das oficinas o projeto prevê ainda um seminário sobre Shakespeare nos dias 18 e 19 de março, aqui no Vila, e uma leitura encenada do texto Trabalhos de amor perdidos, no dia 19, às 19 horas, no Cabaré dos Novos, com entrada franca.
Mas para quem não conseguiu se inscrever nas oficinas do Conexão ou para quem se inscreveu e não foi selecionado sempre há uma chance de fazer oficina. Como na Bahia tem carnaval o ano todo, aqui no Vila também sempre tem oficina.
Aproveito a ocasião para informar em primeira mão que a partir de segunda-feira, dia 02, estão abertas as inscrições para a Oficina de Teatro para Iniciantes com A Outra Companhia de Teatro. As aulas acontecerão aos sábados e domingos, das 09 às 12:00, aqui no Vila.
Ligue pra gente a partir de segunda-feira ou mande um e-mail para aoutra@teatrovilavelha.com.br.
Não perca!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Na última segunda-feira, nós d'A Outra nos encontramos numa das Salas do Teatro Vila Velha para preparar nosso workshop, que será apresentado ao Fernando e seus companheiros do Clowns de Shakespeare, que aqui chegarão todos juntos no dia 01 de março para iniciarmos nossa segunda etapa de preparação, finalização e apresentação da leitura encenada lá no dia 19/03.

Pois bem, chegamos (os meninos) com a proposta de levantar parte da Cena 1 do Ato I do "Trabalhos de Amos Perdidos". Começamos lendo o fragmento e improvisando, deixando vir livremente a contracena entre´a gente. Ao final desta primeira leitura percebemos que Jeferson não estava inserido no fragmento (nem no nosso nem no outro que ficou das meninas fazerem). O que fazer??? Sem demora, resolvemos! Ao invés de fazer só uma parte da cena, faremos toda ela. E assim seguimos, os cinco: Eu, Junior, Vinicio, Buranga e Jeferson... lendo e pensando em maneiras de deixar o texto mais claro, mais possível de ser entendido por quem for assistir... e chegamos num resultado que acreditamos que seja bacana e interessante de ser mostrado aos companheiros que chegarão logo em breve pelas bandas de cá da Bahia.

Então, mostramos as meninas que falaram o que acharam e na sequência assistimos ao que elas haviam preparado (mesmo desfalcadas, já que Rita viajou e só voltará depois do Carnaval e Indaiá não poderá fazer a leitura por conta de sua faculdade que este semestre será a noite!). O mesmo fizemos com elas: dissemos o que pensávamos e achávamos do que elas propuseram.


E assim... trocando, conversando, criando e lendo, finalizamos nossos trabalhos afinal amanhã já começa a folia aqui na terra de todos os cantos, encantos e axé - é CARNAVAL minha gente! Vamo simbora! Vamos nos divertir seja no meio da folia ou fora dela, descansando!

Ah! Em último tempo, as inscrições para as oficinas da segunda etapa do projeto estão rolando a todo vapor. Muita gente procurando e se inscrevendo... tá um negócio que só vendo! No dia 27/02 estaremos fechando as turmas, tentando acolher ao máximo todos os interessados, mas... É importante só registrar que desse modo percebemos como ainda são poucas as atividades de formação nesse sentido (oficinas artísticas gartuitas e de qualidade) aqui pela capital soteropolitana!

Axé! Axé! Axé!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

... menino, foi com muito riso, muitas surpresas e bons resultados que encerramos ontem a oficina de teatro ministrada pel'A Outra Companhia de Teatro.
A oficina, que começou no último dia 04, trouxe para os participantes uma série de exercícios e dinâmicas que despertassem nos jovens artistas um dos pilares das artes cênicas - que acreditamos ser o centro da interpretação: a contracenação, a troca, o jogo entre os atores.
Com muitas revisões no cronograma das atividades a serem realizadas, finalizamos compondo uma espécie de mostra de resultado! Não era a nossa intenção, pelo contrário. Como tínhamos uma carga horária de apenas 15h, optamos por não pensar num possível resultado, pois assim poderíamos trabalhar com os alunos mais jogos que focassem na dilatação de energia, no entrosamento e composição de grupo, na construção de estruturas dramaturgicas e na contracenação.
Pois bem, não conseguimos resistir a mostra, na verdade a geração de um resultado prático e direto destes 05 encontros ao longo dessas duas semanas. Os meninos queriam, a gente resistiu, mas foi o decorrer da oficina que nos revelou essas preciosas cenas ricas em entusiasmo e tão cheio de pessoas-personagens com as quais cruzaremos aí a fora durante os próximos 06 ou 07 ou 08 dias de Carnaval aqui na terra do axé?! Artistas, cantores, foliões, cordeiros, prostitutas, capoeiristas, travestidos... um sem-fim de criaturas!
Assim, finalizamos nossa oficina!
E os trabalhos para a leitura encenada continuam! Temos nos encontrado as segundas e quartas pra trabalharmos em cima do binômio ritmo-entendimento e preparmos o worshop com sugestões de encenação e tal... vamo em frente!!!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Começo Marginal

Nossa porta de entrada no projeto foi meio que marginal. Começamos à distancia, aqui mesmo em Natal, e sem a presença de Fernando. Nosso único meio de contato com os outros, ou melhor dizendo, com a “Outra”, resumia-se a esse blog e alguns breves relatos obtidos em rápidos telefonemas.

Começamos por ler a tradução de Beatriz Viégas, dividir a peça em movimentos e posteriormente dar nome a eles.

Essa prática de dividir a peça em movimentos, ao que me lembro, foi proposta pela primeira vez em nosso grupo pelo ator e diretor Eduardo Moreira, do grupo Galpão, quando juntamente com Fernando dirigiu o nosso espetáculo “Muito Barulho Por Quase Nada”. Trata-se de uma divisão sequencial minuciosa da dramaturgia em pequenos fragmentos. Dentro de cada cena, por vezes, chega a caber vários movimentos.

O que define o fim de um movimento e o começo do seguinte já foi motivo de discussão dentro do grupo, mas ainda assim não me sinto seguro o suficiente a ponto de conseguir escrever seu normativo. Diria que sempre que a música da narrativa oferece alguma mudança perceptível aos ouvidos tratamos de determinar uma quebra de movimento. Sempre que muda o assunto, ou ainda o elemento central que naquele momento move o conjunto de ações, tratamos de definir que o movimento mudou.

Ao final da extração de cada pequena fatia tratamos de dar um nome a ela. A tarefa de batismo nos rende boas risadas e da espaço para a criação de títulos dos mais sugestivos. Essa é uma forma eficiente de facilitar a compreensão e a memorização da seqüência de acontecimentos da história.

Trabalhos de amor

Foi a mais ou menos onze anos atrás que Fernando Yamamoto, recém chegado da Inglaterra, me falou de uma peça que tinha assistido com a Royal Shakespeare Company. Essa peça se chamava “Love's Labour's Lost” ou “Trabalhos de Amor Perdidos” e desde então despertei interesse pela obra. Oito anos mais foram necessários para que minha curiosidade nutrisse incomodo suficiente a ponto de me obrigar a finalmente parar para ler a bendita comédia.

Sem dúvida as expectativas se confirmaram. Como diz Harold Bloom “Trabalhos de Amor Perdidos é um banquete da linguagem, um espetáculo pirotécnico em que Shakespeare parece buscar os limites de sua destreza verbal e descobre que estes não mais existem.”

É sabido que Bloom alimenta uma idolatria incondicional por Shakespeare e vez por outra é acometido de exagero, mas neste caso sou obrigado a concordar com ele.

Agora, com a leitura encenada que vamos levantar junto com a “Outra”, poderemos adquirir ainda mais intimidade com a história e seus personagens. Apenas a encenação (ainda que em forma de leitura) permite aflorar as nuances e coloridos engenhosamente arquitetados pelo autor, principalmente quando se fala de Shakespeare.

Oportunidade de Trabalho

Depois de um 2008 recheado de trabalhos administrativos e muita burocracia, nos dos “Clowns”, fomos unânimes em definir que era hora de dar mais espaço as práticas artísticas em nosso planejamento de atividades. Surge então em boa hora a parceria com a “Outra Cia de Teatro” e o projeto “Conexão Shakespeare Nordeste”.

Debruçar-se sobre o querido bardo a partir de uma perspectiva nordestina, mais especificamente sobre uma de suas obras que figuram no meu rol de predileção “Trabalhos de Amor Perdidos”, e ainda por cima intercambiar informações com outro grupo parceiro/irmão, representa para nos dos Clowsn o mais refinado e delicioso trabalho.

Viva!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

OfIcInAs!! oFiCiNaS!! OfIcInAs!! oFiCiNaS!!

É isso mesmo!!

Estão abertas as inscrições para as oficinas da 2ª etapa do projeto. Desta vez serão 03 modalidades, e os Clowns é que estarão conduzindo as atividades:
* Laboratório de Criação Cênica - com Fernando Yamamoto - de 02 a 06 de março, das 14 as 17h
* A Música da Cena - com Marco França - de 09 a 13 de março, das 14 as 17h
* Gestão de Grupo - com Renata Kaiser e César Ferrário - de 16 a 20 de março, das 14 as 17h

Todas as oficinas serão realizadas no Teatro Vila Velha, e terão apenas 20 vagas. Portanto, não perca tempo e se inscreva logo. Para efetuar a inscrição, os interessados deverão enviar um e-mail para o endereço eletrônico aoutra@teatrovilavelha.com.br, com os seguintes dados:
* Nome Completo
* Data de Nascimento - mínimo de 16 anos!
* Endereço - onde você mora?
* Telefone para contato - celular, fixo...
* Opção da oficina - qual das três?

Daí, então, estaremos enviando um e-mail confirmando (ou não) sua participação na oficina até o dia 28 de fevereiro.

Não perca tempo! Os primeiros serão... os contemplados!

Simbora! Está dada a largada!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Rapaz, a oficina da gente (A Outra Companhia de Teatro) tá que tá um negócio bom danado! Vai desde jogos como o "HOP" até revelações bombásticas temperadas com o gritinho da Margareth, o "pum" com o olho direito, o beijo pra Band no meio da folia, o "swing" da garagem e o casal que se resolve atrás da árvore.

Tem sido num clima quente e de pura alegria e descontração o nosso dia-a-dia com essa galera que tem trazido suas histórias e fantasias para criação de cenas do imaginário popular dessa Bahia a beira do Carnaval, já embalada pelo som dos tambores nos ensaios de verão.

E de tudo acontece nesse período em que rolam as atividades lá na arena do Passeio Público. Isso porque como foi grande o número de inscritos e o calor tem sido imenso aqui na Bahia, optamos por realizar as aulas num espaço aberto e que de algum modo estivesse integrado a nossa casa - o Teatro Vila Velha, então nada melhor do que escolher um lugar desse grande jardim do Palácio da Aclamação: o Passeio Público.


Aqui no Passeio de tudo se vê, tudo acontece, todo mundo vê, mas faz de conta que não tá nem aí. Pois bem, e olha que a oficina tem dado o que falar:



é casal que entre um beijo e outro pára pra ver o que tá acontecendo...


... o moço que vende água e refrigerante que tem sido nosso espectador fiel...


... são as meninas que entre um cigarro e uma resenha dão uma olhada.

Bom, estamos caminhando rumo a finalização desta oficina curta. E neste 3ºdia, bem no meio do trajeto, começamos com uma alongamento para como guerreiros seguirmos firmes em nosso caminho de criação de cenas até chegarmos num espaço de conversa e reflexão do que tem sido para cada um.


Quarta-feira tem mais! E hoje tem leitura pelas bandas de cá da Bahia... Simbora!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ufa!

E finalmente chegamos ao final da leitura, ontem à tarde. Mas isso só depois de muito tempo perdido na tentativa de encontrarmos nomes "fantasticamente criativos" para batizar cada movimento. É que nós atores achamos que podemos revolucionar a história do Teatro Brasileiro (pra não dizer Mundial) com ações assim, tão pontuais. Tsc tsc tsc... pobres mortais!
Ficou infinitamente claro, apesar da estrutura em verso que a tradução da Aimara propõe, o jogo que o texto nos oferece. Foi muito bom (e está sendo ainda) ler uma nova comédia do velho bardo depois de exatos 6 anos. Período em que me deparei pela primeira vez com uma peça da obra shakesperiana, na ocasião da montagem do espetáculo Muito Barulho por Quase Nada. O tempo e a experiência vividos até aqui são recompensantes para os fios brancos que insistem em florescer nesses momentos de deleite diante de um texto do "homi" (para os leitores não-nordestinos, leia "õmi"). É muito bacana perceber no ritmo versado, o que pode acabar virando uma armadilha para nós, a música do texto. Reforço aqui que falei RITMO e não ANDAMENTO, ok queridos? Rsrsrs. Resolveremos em breve essa aparente confusãozinha, relaxem.
Não vejo a hora de estarmos juntos, brincando, celebrando, de fato, trocando experiência, uma das razões maiores no teatro que fazemos. "E vai rolar a festa!!"
Segunda (dia 9) tem lição de casa pra mostrar pro "tio Japonês".

E vamo que vamo! Abraço de tapioca quentinha procês!

Marco

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Começou!



Parecia festa de largo. Era gente que não acabava mais. Uns atrasados, outros implorando na última hora para entrar. E o resultado foi muita gente suando, correndo e gritando pelo passeio público.
Realizamos o primeiro dia de oficina pelo projeto e a aula foi massa. Muito suor, bastante trabalho físico (a cara d'A Outra) e com o calor que está fazendo em Salvador, não demorou muito até a galera começasse a pedir água. Utilizamos isso como elemento motivador dos exercícios e o resultado foi muito bom.
Aconteceu a integração entre os participantes, coisa fundamental no primeiro dia de trabalho. A turma, apesar de grande, conseguiu manter a concentração e se empenhou nos exercícios e no final da aula já deu pra perceber um início de relações surgidas no exercício de improvisação.
Amanhã tem de novo. Daremos continuidade ao trabalho e o dia promete mais calor, muitas brincadeiras, diversão e muito exercício.

Trabalhos Potiguares

Salve salve, caríssimos hermanos! Depois de muita ralação por aqui, finalmente já estamos debruçados e debulhando o da Aimara...digo, o texto, tradução dela. Bom, vcs me entenderam, claro. Temos nos divertido muito e , com o nosso "Fernandinho" de volta ao terreno de cá, estamos com o time mais q completo. A bola tá rolando. Estamos muito felizes e animados com essa partida q se aproxima. E por aí? Como vão os OUTROS?

Abraços,

Marco

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Êta negócio divertido!

Engraçado como esse negócio de ler vários personagens é divertido e amplia a nossa compreensão do texto, da atmosfera, dos artifícios, das justificativas...
Ontem, (quero dizer, anteontem, pois já passa das 03 da madrugada) retomamos os trabalhos com o texto. Conversamos um pouquinho e fomos para a leitura, e infelizmente por conta da festa de 2 de fevereiro Ritinha não conseguiu chegar para a leitura (... nada contra a festa pelo amor de Iemanjá, mas como Ritinha mora no Rio Vermelho, local da festa, foi impossível que ela se juntasse a nós), por conta disso, eu acabei lendo, além de Longaville e Natanael, personagens indicados por Fernando, Meio-Quilo e a Princesa.
Rapaz, eu me divertir!
Na hora de ler os outros dois personagens tinha toda a preocupação de entender as falas, de pensar no ritmo, na métrica, mas na hora de ler a Princesa era um negócio leve, divertido de fazer e de entender as ferruadas que a nobre dá no Rei, em Boyet, e cia.
Já com Meio-Quilo me divertir ainda mais. Primeiro por que Luiz que está lendo Armado testou um sotaque que era uma mistura de castelhano, com italiano, às vezes tinha um surto de português de Portugal e acho que tinha até um pouquinho de sardo ou de provençal no meio. E segundo por que quando dois personagens que estava lendo se cruzavam era um negócio de fala fino, fala grosso pra mudar de personagem (Buranga e Luiz também passaram por isso um bocado... rsrrsrs).
Enfim, o trabalho rendeu, cronometramos a leitura do texto todo (cerca de 2 horas e 45 minutos), e amanhã começa a oficina que iremos ministrar pelo projeto. A procura foi tão grande que a gente até tentou reabrir a Fonte Nova pra dar aula lá pra caber todo mundo (exagerado!!!), mas a gente vai se ajeitar pelo Passeio Público mesmo.
Amanhã tem oficina, vai ser massa e que março chegue!

Em casa

Ontem encontrei, pela primeira vez nesse ano, com meus parceiros dos Clowns de Shakespeare, já que as viagens, tanto de férias, quanto de trabalho, evitou que nos encontrássemos todos até então. No trabalho de ontem, não tivemos tempo para pegar o texto do Trabalhos de Amor Perdidos, diante de todas as questões administrativas que precisávamos dar conta para começar o ano de trabalho, mas chegamos a conversar um pouco, tanto sobre o trabalho já feito em Salvador, quanto sobre as leituras que eles fizeram na semana passada, e de como foi esse primeiro contato com o texto.

Já hoje, pela primeira vez, pudemos trabalhar sobre o texto. Fizemos uma leitura dos quatro primeiros atos, confrontando as divisões de movimentos de cena que eles fizeram na semana passada, com o que fiz com os meninos d'A Outra em Salvador. É muito interessante perceber as semelhanças de análise, assim como nas diferenças de sotaques, e na intimidade que, obviamente, já temos com a prosódia shakespeariana, diferente das dificuldades que a maior parte dos atores d'A Outra tiveram. Por outro lado, só diante do trabalho aqui em Natal, por contraste, pude perceber como conseguimos aprofundar na análise em Salvador, como a compreensão sobre o texto e o universo temático de Trabalhos foi apropriada e garantida com os atores baianos, coisa que ainda não conseguimos chegar por aqui.

Enfim, diferenças complementares, que só me fazem desejar ainda mais que março chegue logo, para colocarmos essas histórias diferentes de vida e de teatro para intercambiarem!

P.S.: Importante registrar que hoje, finalmente, conseguimos garantir a ida da Camille, nossa mais nova colaboradora/estagiária, que vai conosco para Salvador trabalhar no Conexão. Bem-vinda, Magrela!!!!
...mas permita só mais algumas palavrinhas...

Na verdade quero compartilhar sobre a minha investigação em "Armado", ou melhor "Don Adriano de Armado", um dos personagens do "Trabalhos de Amos Perdidos".

Num dos encontros com o Fernando, lá na semana retrasada ou re-retrasada... enfim, enquanto eu lia o Armado, ele me pediu par experimentar um sotaque espanhol. Naquele dai dei uma travadinha aqui outra ali, o sotaque quase não apereceu - na verdade usei a lógica do raciocínio e não deixei que a brincadeira se instalasse, tentei lembrar das regras da língua espanhola falada ao invés de deixar sair o que era o "meu" espanhol.

O fato é que ontem, optei por seguir o caminho do estrangeirado... já diz
Holofernes (um outro personagem da peça) num diálogo com Nataniel sobre Armado: "(...) Pensa arrogantemente, sua fala é dogmática, sua linguagem é elaborada, seu olhar ambicioso, seu andar majestoso, e o seu comportamento, de um modo geral, é fútil, ridículo, e presunçoso. É muito cheio de trejeitos, enfeitadíssimo, afetadíssimo, muitíssimo excêntrico; eu diria, mesmo, muito estrangeirado."

Armado que ao final da cena 2 do ato I, afirma sua nacionalidade espanhola, veio ontem cheio de sotaques e modos de falar europeus. Joguei o que vinha na minha cabeça. Fui no sentido contrário. Deixei as palavras me conduzirem e afirmarem o jogo entre eu e meus colegas sentados todos em volta de mesas. Saiu espanhol, italiano, português (de Portugal!), russo, portunhol, inglês... uma mistureba da zorra!

Sei que ao final, um janela foi aberta para o entendimento deste homem ilário e apaixonado. Agora é mergulhar e decsobrir mais.

Simbora!

"Trabalhos" retomados

Ontem, a noite, nos encontramos - A Outra aqui em Salvador - pra retomarmos os trabalhos coletivamente sobre a comédia shakespeareana.

Na semana passada, cada um de nós ficou de fazer o seu dever de casa: estudar o texto, compreendê-lo, destacar imagens, decupar as falas, anotar dúvidas... Para que a partir de ontem nos detivéssemos aos encontros onde: primeiro faríamos uma leitura geral e corrida do texto para relembrarmos e cronometrarmos o tempo, e depois trabalharíamos em cima do binômio ritmo-entendimento da peça.

Assim feito, ontem, dia 02 de fevereiro, as 19h, nos encontramos na Sala 02 do Teatro Vila Velha - em meio ao finalzinho da festa de Iemanjá - e lemos o texto todo. Quanto tempo? Quanto tempo? Uns apostaram em 02:30h, outros em 02:40h... nem uns nem outros, deu 02h 47min! Isso mesmo! DUAS HORAS E QUARENTA E SETE MINUTOS! Êita quanta coisa pra cortar, quanto trabalho pra fazer... é porque daí a gente pode desconsiderar uns 10 minutos - que foi de gaguejos em palavras, de silêncios que alguém se perdeu no texto... E também com mais trabalho e tendo dissecado o texto tal como pretendemos fazer nos próximos dias, certamente reduziremos uns 15 minutos mais... Mesmo assim ainda tem muito o reduzir. Afinal, o nosso teto é de 02 horas - no máximo! Ai ai meu Deus!

A leitura no geral foi bem bacana! Alguns esclarecimentos de cenas e falas aconteceram na prática, algumas cenas ganharam vida a partir do jogo estabelecido... risadas, um clima descontraído, a gente a vontade, e a resenha rolando... BOIÓÓÓÓ...

Vambora minha gente, o trabalho tá aí pra ser feito e se fazendo!

domingo, 1 de fevereiro de 2009


Êita, sô!
Hoje, 1º de fevereiro, véspera da festa da Mãe das Águas - Iemanjá, faltando apenas 03 dais para começarmos a oficina de iniciação teatral que a gente d'A Outra via ministrar, em virtude do Conexão Shakespeare-Nordeste, é preciso agradecer a todas as pessoas que enviaram e-mail para o e-mail da companhia querendo se inscrever.

No total, foram cerca de 90 e-mails recebidos, uns 50 telefonemas só nesta última semana, e sem falar nas pessoas que apareceram aqui no Teatro Vila Velha querendo informações.

A oficina que teria 30 vagas, acabou fechando com 45 pessoas inscritas. Deixando umas 50 pessoas com água na boca. Mas deixemos a cena para os encenadores e o drama para os dramaturgos de plantão! Em março, outras oficinas acontecerão, aqui no Teatro, gratuitamente. E serão três as modalidades: teatro, música/musicalidade para a cena e gestão de grupos - todas ministradas por integrantes dos Clowns de Shakespeare que estarão aqui em Salvador durante quase todo o mês.

Portanto, é preciso estar atento! Acompanhar o blog (tanto este como o do TVV- www.teatrovilavelha.com.br/blog). E assim que abrirmos as inscrições, é só enviar seu e-mail o quanto antes pra garantir sua participação nestas oficinas que terão apenas 20 vagas cada uma.

No mais, o planejamento destas aulas tem fluído num entusiasmo só. A gente tá preparando uma oficina onde pretendemos misturar nossos jogos e dinâmicas com alguns exercícios que pudemos testar com o Fernando durante o período em que esteve aqui em janeiro trabalhando a leitura do "Trabalhso de Amor Perdidos" conosco. vai ter de tudo: coelhinho na toca, bandeira, bolinhas, vilão, 1ª palavra, caboré, 4x4 (jogo do andamento ou ritmo... ai meu deus, ainda me confundo com essa nomenclatura!), até chegarmos na nossa colcha de retalhos.

Simbora! Quarta-feira, dia 04/02 tá chegando!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

impressões dos 09... dias de "Trabalhos"...

Li, re-li, li novamente, re-li novamente... e não resisti. Tive que escrever!

Na verdade desde a semana passada que não tenho escrito nada - embora venha acompanhando os relatos de Fernando sobre os trabalhos com a gente das bandas de cá.

Demorei a escrever porque optei por deixar a poeira baixar um pouco mais pós o nosso último encontro no sábado passado, onde fizemos uma espécie de avaliação. O fato é que gostaria de falar um pouco sobre essa primeira fase do trabalho com "Trabalhos", que foi bem cheio de trabalho diga-se de passagem! rsrsrs... que trocadilho!

Durante esses nove dias mergulhamos no texto, conhecendo suas peripécias, entendendo seu ritmo e suas rimas, construindo suas imagens e relações, aprendendo se vocabulário cheio de palavras que dão nó na língua. Uma coisa que é bom destacar: todos os dias antes de sentarmos na cadeira e nos deter sobre as palavras que os olhos acompanhavam enquanto as páginas eram passadas... sempre fazíamos algum tipo de exercício que ativava nosso contato enquanto coletivo reunido para desenvolver uma atividade (o vilão com e sem bastão, o jogo do andamento - acho que é isso, ai meu Deus, se eu errei tô frito!!! - aquele que é 1, 2, 3, 4, que tem uma série de variações...). O jogo entre nós era uma das janelas abertas antes de pegarmos no texto pra ler. O que ajudava a despertar o corpo e distanciar a mente do mundo lá fora que sempre vinha com a gente para a sala de ensaio, como se ali fossemos resolver algum problema de produção ou algum conflito de casa ou um estresse com um colega ou uma preocupação com uma conta pra pagar...

É importante também destacar os workshops individual, em dupla e em grupo. Nossa mãe! Como foi bacana fazer, desfazer e refazer tudo na hora, sem pensar muito, seguindo um caminho apontado pelo Fernando fosse pra ver até onde íamos, fosse pra ver o jogo melhor estabelecido, fosse pra puxar o tapete da gente que já vai armado com suas capas e artimanhas pra se sair bem na cena (os vícios do ator). Bom ver o outro se virando pra dar conta do recado, desconstruído, perdido, embaraçado, nú.

E aqui já aponto uma outra coisa apontada na avaliação: a dificuldade de se manter no estado de caubói (estado de prontidão assim batizado nesse período) durante a leitura. Foi hiper perceptível no workshop que fizemos em grupo, onde trabalhamos em cima da cena 3 do ato IV - que é a cena mais engenhosa da peça. Incrível como parecia que subíamos no cavalo toda vez que íamos falar o texto que nos cabia e depois descíamos pra relaxar, tendo que ter o trabalho dobrado na próxima fala quando tínhamos ainda que subir no cavalo pra falar ou reagir. O fato de ter o texto-objeto na mão na contracena, tendo que jogar com o(s) parceiro(s) de cena sem se perder no texto. Nossa! Isso a gente tem que descobrir como é que faz! AS leituras sempre começavam lá em cima, e depois ia desmoronando aos poucos até que no final estávamos todos só no texto, quase sem jogo. Essa é a grande tarefa pra março!

Ao final, muitas descobertas com o texto e entre a gente, Companhia! É bom quando alguém de fora vem trabalhar com a gente, muda de algum modo a nossa rota de comportamento na relação com o trabalho, com o outro, consigo. Muito bom! Agradeço ao Fernando pela paciência e pela grande sabedoria que trocou conosco na prática ao longo desses dias.

Que o mês de março não demore a chegar! Estamos anciosos por dar continuidade ao trabalho e por fazê-lo junto com os outros clowns!

Simbora minha gente!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cumprido!

Da última jornada, o relato acabou ficando atrasado... Mas segue agora!

Apesar de termos marcado um dia mais longo de trabalho, além das habituais três horas diárias, acabamos começando um tanto atrasados, por uma reunião minha com o Luiz, Vinicio e Junior, para acertarmos as questões de produção da continuidade do projeto, em fevereiro e março.

Começamos com alguns jogos de ritmo/dinâmica, e pegamos o texto para finalmente fecharmos a análise, já que parte da última cena - imensa! - ainda não havia sido finalizada. Lemos, e concluímos as divisões de movimentos. Isso, aliado ao nosso atraso inicial, já foi o suficiente para ocupar as duas primeiras horas de trabalho.

Assim, optei por deixar a leitura final do texto todo (que deve nos levar mais de três horas pra ser feita) para esta semana, sem mim. Não é o ideal, mas pudemos nos dedicar a fazer uma boa avaliação do trabalho. Analisamos a opção pela tradução da Aimara, e as vantagens e desvantagens em trabalhar com ela - apesar de todos concordarem que é uma versão mais interessante para ser levada à cena -, a forma como o trabalho foi levado - a importância de fazermos alguma dinâmica corporal antes de irmos pra leitura, por exemplo -, as dificuldades da leitura, o quanto avançamos neste período, etc. Além disso, "encomendei" um workshop em dois grupo, para serem apresentados no primeiro dia de trabalho de março, que também encomendarei para os meninos dos Clowns.

Com todos os percalços e dificuldades, conseguimos fechar bem essa primeira etapa de trabalho. Confesso que fiquei satisfeito com os resultados obtidos, acho que os principais objetivos por mim traçados - aproximar as duas partes e mergulhar no texto com propriedade - foram atingidos.

Agora, em fevereiro, enquanto eu trabalho em Natal com os Clowns, a Outra segue fazendo leituras e preparando o trabalho para março. E aí, teremos três semanas de intensas atividades! No domingo, dia 1º de março, chegamos a Salvador, já com uma caranguejada marcada na casa do Vinício, para integração entre todos, e para começarmos bem no dia seguinte os trabalhos!

Antes de fechar o relato dessa primeira etapa, é importante também relatar a felicidade em ter reencontrado velhos amigos/parceiros e ter feito novos, como Fabinho Vidal, João Lima, Guerra, Cecília, os meninos do Oco Teatro, Felícia, Flavinha, Hebe Alves, Marcos Barbosa, dentre outros. E registrar o carinho e atenção que fui tratado por todos os residentes e funcionários do Vila Velha, em especial o Espírito Santo e Cris, que fizeram desses dez dias em Salvador um período muito agradávele tranquilo.

Por fim, agradecer imensamente aos "Outros", pela disposição e dedicação em me receber e no trabalho. Fincamos mais uma estaca nas fundações desta relação entre os grupos que só vêm se solidificando. Víni, Luiz, Juninho, Buranga, Edy, Jefferson, Indaiá, Manu, Ritinha, Lorena e Thiago, muitíssimo obrigado, e trabalhemos! Coragem!!!!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Brincando de cena

No penúltimo dia de trabalho, os meninos começaram a trabalhar sem mim. Durante a primeira hora, prepararam os workshops da cena IV.3 que pedi para eles ontem. Dividi dois grupos, um com os meninos, outro com as meninas, ambos fazendo os nobres da peça (Rei Ferdinando, Biron/Berowne, Longaville e Dumaine). Coloquei o Jefferson como coringa, fazendo o Cabeção nas cenas dos dois grupos. Para cada grupo, propus um espaço diferente do Vila Velha. Para ambos, escadas.

Assim que cheguei, fomos às cenas. A cena é longa, tem alguns solilóquios bem compridos, em especial um do Biron, em que ele advoga pela inocência deles na quebra do juramento. Depois de um primeiro momento de performances individuais, seguido por fragmentos de cenas feitas em duplas, chegamos agora a um primeiro experimento de uma cena completa. E não de qualquer cena, mas da principal cena da peça, a mais espirituosa e inteligente.

Na avaliação que fizemos posteriormente, percebemos que, além das dificuldades em trabalhar com o texto em cena, dois vetores devem ser levados em consideração para conseguirmos fazer um bom trabalho neste processo: equilibrar ritmo com sentido do texto. Também conversamos bastante sobre as dificuldades em manter o jogo vivo enquanto não se está lendo. Diferente do que acontece em cena, a relação do ator que está lendo é primeiramente com o próprio texto (objeto), para em seguida estabelecer relação com outros atores. Levantamos a necessidade de se criar movimentos coletivos para reações ao que se está falando. Definitivamente, a lógica do jogo é diferente neste tipo de trabalho que estamos fazendo; Não podemos brigar contra as limitações que a leitura e o papel na mão apresentam, precisamos encontrar formas de usar a nosso favor, sem que sentemos todos em cadeiras no palco e façamos uma leitura dramática convencional e chata.

No geral, fiquei feliz com os exercícios. As leituras foram bem dinâmicas, com uma correção que mostram a evolução da relação dos atores com o texto. Ainda há muito a ganhar no sentido do texto, em especial nas filigranas que a leitura mais superficial esconde. Mas é notável o avanço que tivemos. Amanhã fecharemos esta primeira etapa. Vamos fazer o restinho da análise do texto, que não conseguimos fazer hoje, e fazer uma leitura corrida ao final. Lá, acredito que conseguiremos visualizar de forma mais palpável o quanto crescemos nestes nove dias, repetindo o trabalho do primeiro dia. E vontade de que março chegue logo!

Ainda

7ª jornada. Parecia ser mais um dia de dificuldades. Além das ausências da Manu e da Indaiá já anunciadas na véspera, a Ritinha ainda chegou bem doente, e não resistiu: voltou pra casa. Além disso, o Vini voltou a trabalhar conosco, mas ainda um tanto fragilizado pela gripe. E a barulheira da UNE lá fora continua... Paciência... Assim, cheios de desfalques e limitações, comecei o trabalho um tanto desanimado.

No entanto, começamos com um alongamento em duplas, e com o tradicional vilão, que deu uma boa ligada em todos. Fomos de imediato para a mesa, e a leitura foi surpreendentemente boa, conseguimos impor um bom ritmo, e os batismos dos movimentos de cena extremamente criativos!

Hoje faremos workshops coletivos em cima da cena IV.3, e em seguida fechamos a análise do texto para, amanhã, fazermos uma boa leitura final do texto, e avaliarmos essa primeira etapa do projeto, traçando perspectivas para a continuidade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dia 7... tá acabando

Calma! Esta primeira etapa está, de fato, infelizmente, acabando!
É interessante pensar como nestes sete dias de trabalho abriram um horizonte, descortinaram o textos e aos atores (estou falando por mim). Abriu novas possibilidades, mostrou novos caminhos, proporcionou muitos gaguejos, risadas, diversão, mas também, novas formas de analisar o texto, de compreender o universo shakespeariano, a sua estrutura, graças ao conhecimento trazido por Fernando.
Hoje continuamos o trabalho de divisão das cenas em movimentos e de dar nomes para os movimentos (isso garante umas boas risadas). Amanhã exercitaremos a cena 3 do 4° Ato, talvez a cena mais engenhosa da peça. Vai ser sucesso!

Rotinas e acidentes

O trabalho segue, e o tempo corre. Anteontem, quarta, diante de algumas queixas de dores nas costas, começamos com um alongamento trazido do aikido, em duplas. Em seguida, fomos para o vilão, aprofundando para o uso de bastão. A atenção redobrada pelo risco que o objeto oferece, e a ligeira sofisticação das regras, fazem do jogo mais vivo, apesar do tempo de transição até que se consiga jogar com fluidez.

Depois, as duplas se reuniram para finalizar o workshop que pedi na véspera, que cada um preparou individualmente em casa. Começamos pela apresentação do workshop anterior, o individual, da Indaiá, que não havia feito ainda. Em seguida, fomos para as duplas. Semelhante ao que fizemos nos workshops individuais, pude observar os atores trabalhando em relação, explorando as possibilidades que os diálogos oferecem: dinâmicas diferentes, disposição espacial, em movimento ou não, e algumas indicações de personagens. A rima da tradução da Aimara é uma faca de dois gumes: se o ator consegue entender o brilho que a rima pode oferecer ao texto, o jogo da cena realmente ganha
força. No entanto, se optar por entrar em rota de colisão com a métrica e a melodia da rima, sua missão fica ainda mais difícil. No geral, neste exercício, o que pude perceber foi mais um tijolinho na parede, com o grupo ganhando mais apropriação do sentido do texto e começando a conseguir brincar com a peça. Por fim, adiantamos a análise de mesa.

Já ontem, o dia foi bem mais difícil. Tivemos que enfrentar alguns problemas: a ausência do Vinício, cujo corpo não aguentou e sucumbiu, a barulheira da bienal da UNE que acontece no Passeio Público, em frente ao Vila Velha, alguns atrasos, além de um cansaço físico mais ou menos generalizado. Além disso, reforçado pela notícia que a Manu e a Indaiá se ausentarão hoje, propus uma mudança de rota: deixarmos o trabalho em cima da cena 3 do Ato IV, que é o momento mais brilhante da peça, para sexta-feira, com todos presentes, e pularmos para as cenas que vêm depois dela, o Ato V.

Feito isso, partimos para uma massagem em trios, para tentar dar uma acordada no corpo e amenizar as dores e cansaços. Então, fomos para a leitura, das últimas cenas do texto. Depois de um começo difícil - incrível como o cansaço e as interferências externas têm influência direta na qualidade da leitura! -, conseguimos engrenar, ler até o final e adiantar a análise. Ainda deu tempo de propor uma brincadeira ao Luiz, que leu o Armado com um leve sotaque espanhol; apesar de ser pego no susto, apontou uns caminhos interessantes.

Entre mortos e feridos, sobrevivemos. Hoje, apesar das duas ausências, acho que conseguimos retomar o pique. De bom disso tudo, perceber como já conseguimos criar uma cumplicidade de trabalho, de grupo. Boa essa sensação de rotina, com gente com quem, apesar de conhecer há muito tempo, trabalho a tão pouco. Mais três dias pela frente, já de olho em março!

Jefferson, Manu e Vini tentando descobrir se era cervo ou veadinho...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

rápido!

No mês de fevereiro, acontecerá uma oficina de teatro ministrada pel'A Outra Companhia de Teatro, tendo o Fernando Yamamoto como grande parceiro na organização desta atividade que integra o projeto de residência artística dele no PC do Teatro Vila Velha.

Então, a oficina será de 04 a 13 de fevereiro, das 14 as 16h, no Teatro Vila Velha/Passeio Público, as segundas, quartas e sextas. E as inscrições já estão abertas.

Quem quiser saber um pouco mais sobre o modo de trabalho d'A Outra Companhia e conhecer o que Fernando tem trazido para gente, é bom correr, pois são apenas 30 vagas e metade delas já está ocupada.

Simbora...!!!